Segundo o Comitê Investigativo da Rússia, o Facebook deve ser considerado ilícito no país por promover atividades extremistas
A Rússia abriu um processo criminal contra a Meta, holding do Facebook, nesta sexta-feira, 11, depois que a empresa mudou suas regras de discurso de ódio nas redes sociais para permitir que usuários pudessem defender violência contra russos. A decisão da empresa ocorreu nesta quinta-feira, 10, e permite, em alguns países, publicações que incluem mensagens de ódio e de morte ao presidente Vladimir Putin, no contexto da guerra com a Ucrânia.
Os promotores russos pediram a um tribunal que designasse a gigante de tecnologia dos EUA como uma “organização extremista”, e afirmou que estava restringindo o acesso ao Instagram como uma forma de retaliação.
O comitê se reporta diretamente ao presidente Vladimir Putin. Não ficou imediatamente claro quais poderiam ser as consequências do caso criminal. Nenhum comentário foi disponibilizado imediatamente pelo Facebook em resposta a uma solicitação da agência de notícias Reuters.
Duas semanas após o início da guerra da Rússia na Ucrânia, um porta-voz do Facebook disse que a empresa afrouxou temporariamente suas regras de discurso político, permitindo postagens como “morte aos invasores russos”, embora não permita pedidos de violência contra civis russos. O Facebook disse também que a mudança temporária visa permitir formas de expressão política que normalmente violariam suas regras.
E-mails internos do Facebook vistos pela Reuters mostraram que a empresa dos EUA havia permitido temporariamente postagens que pediam a morte de Putin ou do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko.
Guerra de informação
A Rússia há mais de um ano se esforça para conter a influência de gigantes de tecnologia dos EUA, incluindo Google e Twitter, multando-os repetidamente por permitir o que considera conteúdo ilegal.
Mas a invasão da Ucrânia — enfrentada por uma tempestade de condenação internacional e sanções sem precedentes — elevou drasticamente as apostas na guerra de informação.
As mídias sociais oferecem uma oportunidade para discordar contra a linha de Putin — lealmente seguida pela mídia estatal rigidamente controlada — de que Moscou foi forçada a lançar sua “operação militar especial” para defender cidadãos que se identificam com a Rússia em território ucraniano. O pretexto da invasão era de evitar o genocídio, desmilitarizar e “desnazificar” o país.
O Comitê Investigativo disse que a ação do Facebook pode violar artigos da lei criminal russa contra pedidos públicos por atividades extremistas.
“Tais ações da administração da empresa (Facebook) não apenas formam uma ideia de que a atividade terrorista é permitida, mas visam incitar o ódio e a inimizade contra os cidadãos da Federação Russa”, disse a promotoria do Estado.
Ele disse que solicitou a um tribunal para reconhecer o Facebook como uma organização extremista e proibir suas atividades na Rússia.
O escritório de direitos humanos das Nações Unidas disse que a possível mudança na política do Facebook é preocupante. “É uma questão muito preocupante porque tem um certo risco de gerar, encorajar e permitir discursos de ódio dirigidos aos russos em geral”, disse a porta-voz Elizabeth Throssell.
Os serviços de Facebook, Instagram e WhatsApp são populares na Rússia, com 7,5 milhões, 50,8 milhões e 67 milhões de usuários no ano passado, respectivamente, de acordo com a empresa Insider Intelligence.
Na semana passada, a Rússia disse que estava banindo o Facebook no país em resposta ao que disse serem restrições de acesso à mídia russa na plataforma. O regulador de comunicações disse na sexta-feira que agora também está restringindo o acesso ao Instagram.
O Instagram é uma das ferramentas mais usadas pelo oponente de Putin, Alexei Navalny, que publicou mensagem nesta sexta-feira convocando a população para que se juntem aos protestos contra a guerra na Ucrânia e contra o “louco maníaco Putin”, em suas palavras, neste fim de semana.
O WhatsApp não será afetado pelas medidas legais, disse a agência de notícias RIA da Rússia, citando uma fonte, já que o aplicativo de mensagens é considerado um meio de comunicação e não uma maneira de postar informações.
Por Agências