Álbum ’30’ tem momentos dilacerantes, como o melhor deles, Easy On Me, e cantora segue biografando sua vida por meio de seus álbuns
O single Easy On Me já havia entregado tudo. Adele, em seu álbum 30, vem na mesma toada de seus antecessores 19, de 2008; 21, de 2011; e 25, de 2015. A canção voou para o primeiro lugar da Revista Billboard, ainda um medidor considerável de sucessos, e quebrou marcas de streaming e de execuções em rádio. Outras músicas, I Drink Wine, Hold On e Love Is A Game, saíram no especial de TV Adele One Night Only, atraindo audiência maior do que o Oscar.
Adele é um fenômeno pop, o maior deles em muitos anos, e com uma carreira estrategicamente conduzida em duas frentes: um pé está no velho mundo e o outro no pós-streaming. Ela é discreta fora dos lançamentos e não aposta na profusão de singles, como fazem os artistas clássicos, mas sim na construção de uma trajetória biográfica que usa os álbuns como capítulos de sua vida. 19, 21, 25 e agora 30 são, além de nomes de seus discos, as idades aproximadas que ela tinha e tem no momento dos lançamentos.
Ao mesmo tempo, como mostra 30, Adele não muda em nenhum grau o curso de sua navegação, como fazem colegas que buscam likes e fãs engajados. Um álbum novo não é mais, como era na old school, uma ruptura com o que havia sido feito, mas a confirmação de expectativas. Assim, mesmo previsível com relação ao registro emocional, Adele entrega exatamente o que os fãs querem ouvir. Sem invenções e sem reviravoltas. Muitas lágrimas, muita dor, muita voz e piano e alguma superação.
Adele está mais interessante aos 33 anos, e suas canções seguem esse amadurecer. Strangers By Nature remete às canções natalinas norte-americanas dos anos 1950, com uma bela melodia; My Little Love só fica mais dolorida quando se sabe que a voz de criança que se ouve é de seu filho Angelo, hoje com 9 anos, ouvindo a mãe falar da separação com o pai, Simon Konecki. E Easy on Me, como se ouviu, é um espetáculo de absorção imediata.
Ouvido na tarde desta quinta, o autor de sambas Toninho Geraes disse que ainda não definiu com seu advogado como será o processo que pretende mover contra a cantora. Ele a acusa de ter gravado um plágio de seu samba Mulheres, de 1995, ao registrar a canção Million Years Ago, de 2015. “Eu nunca quis expor Adele a nenhuma situação, tanto que enviamos as notificações extrajudiciais a ela em sigilo, mas ela nunca respondeu”, disse ele.
Por Julio Maria