Reinaldo Zaruvni
Nesta semana, a Universidade Estadual de Ohio divulgou uma pesquisa que explica o porquê de pessoas acreditarem facilmente em fake news – e a culpa é, aparentemente, das redes sociais.
De acordo com o estudo, estar exposto constantemente a uma mistura de notícias e entretenimento faz com que usuários se atentem menos às fontes do conteúdo, tornando fácil a confusão entre uma sátira e algo real. “Somos atraídos pelas redes sociais porque são locais únicos de mídias, atualizações de amigos e familiares, memes e fotos de gatos”, explica George Pearson, pesquisador responsável pelo estudo.
“Essa confusão de conteúdo faz com que tudo pareça o mesmo para nós. Torna mais difícil separar o que precisamos levar a sério daquilo que é apenas entretenimento”. Ou seja, às vezes é realmente complicado distinguir um boato de um fato.
Procedimentos da pesquisa
Para chegar a essa conclusão, Pearson criou uma rede social fictícia chamada Link Me. O site foi apresentado para 370 participantes, que viam quatro páginas com dois ou quatro posts cada uma. As publicações consistiam em um título, um pequeno parágrafo resumindo o conteúdo e dados sobre as fontes das informações.
Considerando nome e descrição, essas fontes foram projetadas para parecerem algo de alta ou baixa credibilidade – tendo sido avaliadas em estudo anterior para assegurar o objetivo do teste. Como exemplos, no caso das confiáveis, foram fornecidos dados como “Washington Daily News – organização jornalística profissional reconhecida pela alta qualidade e objetividade de informação”. Já no caso das duvidosas, “Hot Moon – coletivo de escritores amadores”.
Todas as publicações foram baseadas em artigos reais retirados do Reddit ou Tumblr.
Depois de visitarem as páginas, os participantes responderam uma série de questões relacionadas aos artigos. O interesse do pesquisador nessa etapa foi descobrir se prestaram mais atenção em fatos cotidianos ou em outras categorias, como entretenimento. “Isso indicaria se as pessoas se preocuparam com a fonte e entenderam o que era notícia real e o que não era”, afirma Pearson.
Conclusão
Os resultados do experimento mostraram que o público presta menos atenção na origem da matéria quando o conteúdo não está claramente classificado em tópicos diversos, aparecendo na mesma página misturado a outros.
Em redes como Facebook e Twitter, isso acontece muito, pois a linha do tempo não dá indicações da diferença entre um meme e um fato. É tudo visualmente igual. Esse é um forte indicativo de fake news serem consideradas, muitas vezes, verdadeiras. “Não há distinção entre uma matéria do New York Times e algo de um blog qualquer. Todas têm o mesmo esquema de cores e a mesma fonte tipográfica”, diz George.
Entretanto, se cada página apresentava claramente notícias com maior credibilidade ou apenas aquelas questionáveis, as preocupações eram um pouco maiores com a origem do texto. O autor do estudo afirma que o teste mostra os perigos de se informar apenas pelas redes sociais. Para isso, indica uma solução: desenvolvimento de ferramentas para distinguir conteúdos.
“Até que isso aconteça, cabe aos usuários verificarem a informação que consomem, por mais difícil que seja. Por enquanto, a estrutura de apresentação pode estar reduzindo as vantagens da instrução por essas plataformas”, finaliza.