Por Ana Karla Flores, Daiany Albuquerque
As 7 mil doses da vacina da Pfizer/BioNTech contra a Covid-19 devem ser destinadas às gestantes, em Campo Grande. Segundo o secretário municipal de Saúde, José Mauro de Castro Filho, ainda não se sabe se haverá necessidade de fazer a reserva para a segunda dose desse imunizante, mas, a princípio, este deve ser o grupo atendido. A ideia da Pasta é aplicar as doses em apenas um grupo.
“Nós estamos avaliando e, provavelmente, [a vacina] vai para as gestantes. A data de chegada e a quantidade de doses ainda não temos exato, serão aproximadamente 7 mil, mas o Ministério da Saúde ainda não declarou se vai ser para segunda dose também ou só primeira”, afirmou Castro.
As vacinas da Pfizer usam a tecnologia do RNA mensageiro, ou seja, o imunizante usa um pedaço da proteína Spike, que é a proteína do vírus Sars-CoV-2, para o sistema imunológico de quem a recebeu.
Quando o sistema imunológico entra em contato com a proteína, as células de defesa entendem que é algo estranho que está no corpo e criam uma resposta imunológica contra o invasor, que no caso é a proteína.
As doses têm intervalo de 21 dias entre as aplicações e o Ministério da Saúde ainda não informou se nesse tempo deverá chegar outra remessa do imunizante.
Essa vacina precisa ser acondicionada em uma temperatura de -60ºC a -90°C. Por isso, todas as doses recebidas por Mato Grosso do Sul ficarão em Campo Grande, já que no interior há maior dificuldade para armazenar o produto em uma temperatura tão baixa.
Para tanto, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) fizeram uma parceria. A instituição emprestou um de seus freezers para guardar o imunizante.
Segundo o secretário, o equipamento será levado para o almoxarifado da Sesau, de onde as doses serão distribuídas aos pontos de imunização. “Ela vai ficar no almoxarifado para poder deixar ela reservada, com um fluxo de descongelar em câmara fria e depois de aberta ficar em outra temperatura. Vamos decidir quando o Ministério passar todas as informações, mas é bem provável que seja esse grupo [gestantes] e que deixaremos [essa vacina] no drive-thru”.
Supercongelador
Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UCDB, Cristiano Marcelo Espinola Carvalho, o freezer que será destinado para o acondicionamento das doses em Campo Grande tem capacidade para receber cerca de 30 mil doses a uma temperatura de até -86ºC.
O equipamento é usado por pesquisadores do mestrado e doutorado da instituição dos cursos de Biotecnologia e de Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária.
“Nele guardamos amostras biológicas, reagentes, células, linhagem celulares, amostras de biópsia do Pantanal e Serrado e amostras de animais. Nós temos três equipamentos como esse, dois com capacidade de 580 litros e outro um pouco menor. Normalmente eles ficam cheios com essas amostras, mas temos uma cadeia de frios e o que estava armazenado nesse freezer foi colocado em contêineres de nitrogênio ou em refrigeradores a -20ºC”, explicou o pesquisador.
A disponibilidade do equipamento foi dada pela própria universidade, no início do ano, quando foi aberto o drive-thru no Parque Ayrton Senna.
“Já acompanhávamos o processo das vacinas e quando os Estados Unidos aprovou o uso da vacina da Pfizer nós já sabíamos que a gente precisava se preparar. Quando ocorreu a inauguração do drive-thru do Ayrton Senna, conversei com o secretário e coloquei o equipamento à disposição assim que o Brasil adquirisse essa vacina. Não tem como ficar alheio ao problema. Faremos tudo o que pudermos para ajudar, faz parte da nossa essência”, afirmou Carvalho.