Renata Spallicci, rainha de bateria da Barroca Zona Sul, chega a levantar 400 quilos de peso com as pernas. Atleta de fisiculturismo, a rotina de exercícios pesados a deixou com os quadris mais rígidos. Neste carnaval, para ganhar molejo, ela fez aulas de dança que misturam samba e gafieira. Sua fantasia terá corações simbolizando a malandragem no amor. Os músicos da bateria estarão vestidos de Zé Pelintra – entidade de religiões afro-brasileiras – tema do enredo. A escola desfila no sambódromo de São Paulo, no sábado. A seguir, trechos da entrevista com Renata.
Qual é o clima do desfile este ano?
O desfile da Barroca está maravilhoso. Acho que esses dois anos (de pandemia) enriqueceram dois aspectos do carnaval: as pessoas estão ainda mais engajadas, dando tudo de si. E também as alegorias estão muito sofisticadas. A comissão de frente foi coreografada por Carlinhos de Jesus. Vai trazer um efeito surpresa, que ainda é um mistério. E a gente vem com carros muito altos este ano.
Como será a bateria?
Todos vêm vestidos de terno branco, gravata vermelha, e chapéus. E eu como rainha de bateria venho toda de vermelho, cheia de corações, representando esse lado do malandro, de envolver as mulheres.
E a preparação para sambar na avenida?
Sou bailarina clássica formada, e o samba para mim foi um desafio, pois tanto o ballet como o fisiculturismo me deixaram mais rígida, com menos malemolência nos quadris. Desde que entrei para o carnaval, sempre fiz aula de samba, mas mudei este ano e fiz o método MP, que me ajudou a trazer o melhor do que tinha no ballet somado ao samba no pé. E gostei do resultado.
Por que se exercitar pesado?
Sou vice-presidente executiva da farmacêutica Apsen, participo do negócio há 20 anos, faço parte da terceira geração. É uma forma de extravasar o trabalho porque brinco que lido com mais problemas do que com coisas que me realizam. O conjunto da ópera é uma realização, mas as tarefas do dia-a-dia são muito duras.
Por Paula Bonelli