Entre os principais nomes do mês estão Contabilizei, Flash e Glorify
Dando sequência ao bom momento por que passa o ecossistema de inovação do Brasil, o mês de março viu startups dos mais diversos ramos receberem cheques (também de tamanhos variados) de investidores nacionais e internacionais.
A companhia de benefícios corporativos Flash levantou US$ 100 milhões, no que é a maior rodada de março. Além dela, a startup de contabilidade Contabilizei recebeu US$ 60 milhões e promete avançar em soluções para pequenas empresas, nicho em que atua.
Outro nome foi a startup britânica “cristã” Glorify, que funciona quase como uma igreja virtual, com cheque de US$ 40 milhões – o principal mercado da empresa no mundo é o Brasil. Ainda, os setores de saúde (“healthtechs”, no jargão das startups) e varejo também despontaram no mês, com destaque para Vittude, Alinea, Trela e Diferente.
Confira alguns dos aportes mais significativos no mês:
Os maiores
Cheque tipo flash. Com aporte de US$ 100 milhões, o maior do mês, a startup Flash quer expandir a operação de cartões de benefícios para empresas. Atualmente, a companhia permite, por exemplo, transformar o vale-refeição do escritório em um voucher flexível para restaurantes e supermercados.
A rodada de março foi liderada por Battery Ventures e WhaleRock e aconteceu pouco mais de oito meses depois do último aporte da companhia, de US$ 22 milhões.
Contabilizei, cresci. Candidata a unicórnio (com avaliação superior a US$ 1 bilhão), a startup catarinense Contabilizei, de serviços contábeis para pequenas empresas, levantou US$ 60 milhões. Com o cheque, a expectativa é avançar em gestão de contas a pagar e a receber, serviços bancários, antecipação de recebíveis, pagamentos de impostos e planos de saúde corporativos.
A rodada foi liderada pelo fundo japonês SoftBank e teve participação de Goldman Sachs e Pruven Capital.
Novos mercadinhos
Em grupo. Com aporte de US$ 25 milhões neste mês, a Trela, que reúne consumidores em grupos de WhatsApp para compras coletivas de mercado, quer continuar crescendo no segmento do “social commerce”, formato popular no varejo asiático, dominado pelo Alibaba. Para facilitar as entregas, a startup mira regiões com adensamento, como condomínios com 60 apartamentos e grupos de mais de 25 vizinhos.
A rodada foi liderada pelo SoftBank, com participações de Kaszek, General Catalyst, Y Combinator e do empresário Pierpaolo Barbieri (presidente executivo da Ualá).
A beleza do feio. Nascida há três meses e com aporte de US$ 4,4 milhões, a Diferente quer vender frutas e hortaliças orgânicas que não atendem aos padrões “estéticos” do varejo. O modelo conta com assinaturas semanais, quinzenais ou mensais de cestas negociadas diretamente com os produtores.
A rodada foi liderada pela Maya Capital e teve participação de GFC e Caravela. O aporte também marcou a estreia na América Latina do Collaborative Fund, além de ter tido participação da britânica FirstMinute Capital.
Saúde!
Se cuida. O cheque de US$ 7 milhões na Vittude, que quer ser o “Gympass do atendimento psicológico”, tem como objetivo evoluir não só o serviço de saúde mental, mas também contratar executivos experientes para a startup. A rodada foi liderada pela Crescera Capital, com participação de Redpoint eVentures e Scale Up Ventures, da Endeavor.
Encaminhadora. Os R$ 20 milhões recebidos pela “healthtech” Alinea miram a expansão de equipe (adição de 70 pessoas) e melhorias no produto: a startup é uma intermediária entre consumidor e planos de saúde, prestando atendimento e evitando os canais oficiais das prestadoras de saúde. A rodada foi liderada pelo Founders Fund e General Catalyst.
Ampliação da Palavra
Amém! Em apenas 3 meses, este é o segundo aporte da startup britânica Glorify, de US$ 40 milhões. A companhia oferece serviços a cristãos do mundo todo, como meditação, orações, leitura de passagens bíblicas e músicas gospel, por exemplo. Sendo o Brasil um dos países mais adeptos ao cristianismo no mundo, a estratégia da empresa é ampliar atuação no País, onde tem 2,2 milhões de clientes e mira 10 milhões até o fim deste ano. A rodada foi liderada pelo fundo japonês SoftBank, junto com Andreessen Horowitz, K5 Global e outros nomes.
Fintechs gringas no Brasil
Unicórnio ianque. Avaliada em US$ 2,1 bilhões, a americana Jeeves levantou US$ 180 milhões e agora quer desembarcar no Brasil, onde pretende oferecer linhas de crédito para capital de giro e uma plataforma de gestão de gastos corporativos. O cheque foi liderado pela gigante chinesa Tencent e contou com o fundo soberano de Cingapura, entre outros nomes.
Colômbia 1. A Simetrik, de infraestrutura de pagamentos, recebeu US$ 24 milhões para chegar ao Brasil, principal mercado da região latinoamericana, e vender um software de infraestrutura de pagamentos a clientes corporativos — objetivo é integrar em um único lugar diversas transações entre clientes que usam diferentes métodos de pagamento. Rodada foi liderada pela Fintech Collective, com participação da Tiger Global e do fundo brasileiro Monashees.
Colômbia 2. Outra que chega ao País é a Yuno, nascida há dois meses das mãos de um ex-fundador do Rappi, gigante das entregas de alimentos. A nova startup visa a oferecer um sistema de integração e gerenciamento de métodos de pagamentos para empresas. O valor recebido foi de US$ 10 milhões, e contou com Kaszek, Monashees, Nazca, Latitud, OneVC, Opera Ventures e Saurabh Gupta (parceiro da DST Global). Além disso, Simón Borrero, outro cofundador do Rappi, também fez parte do cheque.
Mais EUA. Após receber US$ 6,1 milhões, a americana Kamino vem ao País para facilitar o percurso financeiro de empresas de rápido crescimento (como startups), desde a captação de recursos até a gestão dos investimentos. A rodada foi liderada pelo fundo Inspired Capital.
… mas também Brasil. A Noh recebeu R$ 17 milhões e quer automatizar a divisão de despesas por meio de um aplicativo recém-lançado. O objetivo é administrar gastos fixos, como aluguéis e contas, com “mimos”, como viagens ou refeições em grupo — similar ao que já faz o GuiaBolso, comprado pelo PicPay em 2021. O investimento foi liderado pela Kindred Ventures, Positive Ventures, e contou com a participação de Patrick Sigrist (iFood), André Penha (Quinto Andar) e Pedro Conrade (Neon).
Caçadora de unicórnios
Vem com a gente. Investidora e também espaço para unir empresários, a Latitud começa a expandir seu serviço para startups após receber cheque de R$ 58 milhões, liderado por Andreessen-Horowitz e com participação de NFX, Endeavor, Canary, JF Labs, David Velez e fundadores da Kavak, Rappi, Creditas, dLocal, Bitso, Auth0, Cornershop. A startup vai investir na recém-lançada solução de abertura de offshores, facilitando a vida de companhias em início de carreira. O objetivo é “dar uma mãozinha” nos unicórnios do futuro.
Por Guilherme Guerra e Rafael Nunes