A registradora de recebíveis Cerc formalizará nos próximos dias, junto ao Banco Central, o pedido para concretizar um de seus principais projetos: a criação de uma central depositária de ativos mobiliários. A empresa também pedirá o aval para criar uma câmara de liquidação, condição necessária para que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também aprove a depositária. O pedido à CVM deve ser feito no primeiro trimestre de 2022.
Depositária é a central que faz a “guarda” dos ativos negociados em determinado mercado. Lá ficam cotas de fundos listadas, ações, títulos de renda fixa, entre outros. A B3 possui a própria depositária, e há ainda a da Laqus (ex-M2M), autorizada a guardar certificados de recebíveis.
Em tese, a própria depositária deixaria a Cerc a um passo de fazer a guarda de ações, algo que hoje só a B3 faz no Brasil. Mas, por enquanto, isso não está nos planos. A empresa quer começar com ativos próximos aos que hoje registra, como cotas de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs).
O fundador e presidente do conselho, Marcelo Maziero, não descarta enveredar por ações no futuro: o chassi dos ativos é o mesmo. Mas ele, que passou pela antiga BM&F Bovespa antes de criar a Cerc, acha difícil que a B3 perca sua preponderância neste mercado.
Por enquanto, não há interessados em criar a bolsa que se acoplaria à depositária da Cerc para criar o ambiente de negociação de cotas de FIDCs e dos demais ativos. Se até o ano que vem, quando prevê ter todas as autorizações, não encontrar um, a Cerc está pronta para criar ela própria essa bolsa. Mas quer que mais players entrem depois.
Para dar suporte a todos esses planos, a Cerc pretende captar mais uma rodada de investimentos em 2022, e espera arrecadar de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões. Na última rodada, fechada em novembro, a 2TM, dona do Mercado Bitcoin, aportou R$ 90 milhões no grupo.
Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 20/12, às 14h39.
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Por Matheus Piovesana