Desde o início da pandemia, em 2020, a Sisep reduziu os trabalhos de manutenção da malha asfáltica da Capital
O retorno das chuvas nos últimos dias trouxe à tona um velho conhecido dos moradores de Campo Grande, buracos no asfalto. Em razão da pandemia de Covid-19, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) reduziu o serviço de tapa-buraco no município, de 15 para 10 equipes.
A decisão do Executivo municipal é de 2020, para poupar cerca de R$ 1 milhão por mês, com o objetivo de realocar os recursos para o enfrentamento da crise sanitária.
No dia 22 de março, a reportagem do Correio do Estado encontrou diversas degradações na malha asfáltica que colocam em risco o trânsito de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. Em nova visita aos trechos na tarde desta quarta-feira (13), foi possível notar que pouco mudou no cenário de abandono.
Ainda na região central da cidade, logo no início da Rua José Luís Pereira com a Rua Rui Barbosa, os buracos que chamavam atenção há mais de 20 dias continuam sem manutenção no local. Na Rua Otacílio Machado, na Vila Piratininga, pelo menos sete buracos foram encontrados.
Conforme o titular da Sisep, Rudi Fiorese, os serviços de tapa-buraco continuam neste ano, mas com o número de equipes reduzido. O secretário salientou que uma série de fatores é responsável pela recorrente degradação no asfalto.
No Bairro Amambaí, a Rua Engenheiro Roberto Mange é mais um trecho que requer atenção redobrada aos transeuntes. Em um curto espaço, pelo menos três buracos foram detectados na via. Na Rua da Liberdade, na Vila Glória, os veículos precisam dividir espaço com quatro buracos ao longo do trecho.
Campo Grande chegou a tapar quase 500 mil buracos entre 2018 e 2019, segundo levantamento feito pela prefeitura. Em 2018, foram 300 mil buracos no asfalto consertados, enquanto em 2019 foram mais de 190 mil, redução de 37% em relação ao ano anterior.
Segundo a Sisep, nos últimos seis anos, grandes investimentos foram feitos em recapeamento na Capital. Em nota, a pasta afirmou que neste período foram executados 240 km de reformas na malha asfáltica, uma média de 40 km por ano.
Fiorese salientou que as equipes de tapa-buraco atendem todas as sete regiões de Campo Grande. “Para aumentar essas equipes, dependemos da necessidade, que geralmente é muito grande na época das chuvas”, disse.
Apenas nesta quarta-feira, Campo Grande registrou mais de 56,5 mm de chuva. A Defesa Civil emitiu um alerta de chuvas intensas, com risco de danos na Capital. A reportagem pediu o cronograma dos trabalhos para as próximas semanas à Sisep, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
AVENIDA SALGADO FILHO
Depois de cinco anos, a Avenida Salgado Filho começou a receber, no dia 21 de março, equipes de recapeamento.
O mecânico Luiz Carlos Silva, que trabalha próximo à avenida, relatou que a via estava completamente esquecida e que o estado crítico do asfalto já causou prejuízos financeiros.
O último recapeamento realizado na Avenida Salgado Filho havia sido feito ainda no mandato do então prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (2013-2016), entre a Avenida das Bandeiras e a Avenida Fábio Zahran.
Em nova visita da reportagem na tarde de ontem, foi possível constatar que vários buracos que estavam na região já foram consertados pela Sisep.
REPARO
Com as chuvas dos últimos dias, as obras de tapa-buraco e manutenção de vias não pavimentadas ficam comprometidas.
De acordo com o titular da Sisep, Rudi Fiorese, entre os meses de abril e setembro, o cronograma de obras é reduzido, por conta do período climático instável.
Até janeiro de 2023, a Prefeitura de Campo Grande tem contrato com as empresas Engenex Construções e Serviços Ltda., no valor de R$ 30 milhões, para a realização das obras de tapa-buraco na Capital. O contrato seria encerrado em janeiro deste ano, mas a administração estendeu o prazo por mais 12 meses, pelo mesmo valor.
SAIBA
A previsão do Inmet para os próximos dias é de temperatura amena, com possibilidade de chuva isolada em Campo Grande.
POR MARIANA MOREIRA, THAIS LIBNI