A ação apresentada questiona que “todos os atuais dirigentes da CBF tiveram seus mandatos ilegalmente subtraídos antes de seu termo final”.
A eleição que aclamaria Ednaldo Rodrigues como presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), nesta quarta-feira (23), está suspensa por decisão da Justiça de Alagoas. O magistrado da 1ª Vara Cível de Maceió, Henrique Gomes de Barros Teixeira, atendeu o pedido feito por Gustavo Feijó, um dos atuais vice-presidentes da entidade esportiva.
Feijó é o principal antagonista do presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues, que está no cargo desde agosto de 2021, após o afastamento de Rogério Caboclo, suspeito de assédio sexual e moral contra funcionárias.
Após tentar suspender a eleição da CBF na Justiça do Rio de Janeiro e por meio da Comissão Eleitoral da própria confederação, instâncias em que teve pedidos negados, Feijó recorreu à Justiça de Alagoas, estado onde mora.
A ação apresentada questiona que “todos os atuais dirigentes da CBF tiveram seus mandatos ilegalmente subtraídos antes de seu termo final”. Também aponta que a votação convocada para esta quarta-feira feriu o princípio da isonomia, ao não respeitar a representação dos times de segunda divisão e femininos.
A CNN buscou a CBF para saber como a entidade vai proceder, mas não teve retorno até o fechamento desta reportagem.
Clima político tenso
Gustavo Feijó, além de questionar a convocação do pleito, levanta uma suposta influência de Marco Polo Del Nero, ex-presidente da confederação e banido pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), na atuação de Ednaldo Rodrigues.
Antes da decisão da Justiça de Alagoas, nossa reportagem buscou a assessoria de imprensa da CBF pedindo um posicionamento do presidente interino Ednaldo Rodrigues e a informação é que ele responderia todas as perguntas da imprensa após a eleição marcada para esta quarta-feira.
Eleição atende acordo com Ministério Público do RJ.
Gustavo Feijó questiona que o mandato da atual gestão iria até 2023. A CBF decidiu convocar a nova eleição após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Rio de Janeiro, dentro de um processo iniciado em 2017 que questiona a mudança de regras eleitorais e levou à intervenção da CBF.
Para cumprir o TAC, em uma assembleia geral extraordinária no último dia 7, foi aprovada a forma de votação com peso três para o voto das federações estaduais, peso dois para os clubes da série A e peso um para os clubes da série B.
Feijó tentou derrubar o TAC na Justiça do Rio de Janeiro, mas não teve sucesso. Os questionamentos apresentados à Justiça de Alagoas também foram feitos à Comissão Eleitoral da CBF, que manteve o pleito, em decisão do último domingo (20).
O grupo nega, por exemplo, o argumento de prejuízo aos times femininos. “Para além da constatação de que o colégio eleitoral da CBF é o que possui o maior número de clubes votando em suas eleições e, dentre tais agremiações, a maioria absoluta possui equipes de futebol feminino que disputam as séries A e B, o que, por si só, já seria suficiente para afastar tal argumento, impõe-se destacar, no entanto, que esta Comissão Eleitoral não tem competência para rever as regras de elegibilidade ou a composição do Colégio Eleitoral”, pontuou a comissão.
Histórico conturbado de ‘cartolas’
A política da CBF tem acumulado dirigentes investigados. Em 2012, alvo de denúncias de corrupção, Ricardo Teixeira renunciou, após 23 anos no cargo.
O sucessor José Maria Marín foi preso em 2015 e chegou a ser condenado por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Marco Polo Del Nero assumiu após Marin e, de 2018, foi banido do futebol pela Fifa, suspeito de corrupção e outros descumprimentos do Código de Ética da entidade.
Já Rogério Caboclo, que deveria comandar a CBF até o próximo ano, foi afastado, após ser denunciado por assédio moral e sexual por ex-funcionárias da entidade.
Por Conjuntura Online