Por Daiany Albuquerque, Ricardo Campos Jr
As aulas na Rede Estadual de Ensino (REE) seguirão de forma remota durante o mês de abril, e a Secretaria de Estado de Educação (SED) ainda não tem previsão para quando as atividades poderão ser retomadas de forma presencial ou híbrida, como defendia a Pasta no início deste ano.
“As aulas da Rede Estadual de Ensino (REE) seguem de forma não presencial desde o dia 10 de março e, diante do atual contexto observado, a REE dará continuidade com as atividades remotas também durante este mês de abril”, respondeu a secretaria por meio de nota de sua assessoria de imprensa.
O recuo é por conta do agravamento da pandemia da Covid-19 a partir de março deste ano, com a chegada da variante brasileira P.1, que é mais contagiante do que as outras cepas em circulação no Estado. Com isso, o mês passado tornou-se o mais letal de toda a pandemia, com 1.065 dos 4.870 óbitos em todo o MS em decorrência da doença.
Com este cenário, as aulas são mantidas de forma completamente remota, o que já acontece há quase um ano, porque as atividades presenciais foram suspensas no dia 23 de março de 2020 nas escolas estaduais.
A REE retomou as atividades deste ano letivo no dia 1º de março. Durante coletiva ainda em fevereiro, a secretária de Educação, Maria Cecília Amendola da Motta, afirmou que a determinação para o retorno remoto ocorreu porque algumas prefeituras do interior não tinham conseguido se preparar para esse retorno, já que 2020 foi ano de eleições para a gestão municipal.
“O Estado trabalha muito bem com os municípios a questão da colaboração, e, tendo em vista as eleições, alguns dos novos prefeitos que chegaram não estão organizados, porque é necessário que, para o ensino híbrido, todos os alunos tenham todos os equipamentos na escola. Então, pensando nessa questão, o Estado resolveu atender o pedido da maioria dos prefeitos e iniciar de forma híbrida só no mês de abril. No mês de março, nós faremos as aulas remotas”, disse a secretária na época.
O governo do Estado alega que desde o fim do ano passado a rede estadual está pronta para receber os alunos presencialmente, e a ideia era que esse início fosse realizado de forma híbrida, com metade dos alunos estudando nas escolas e a outra metade em casa.
O revezamento seria feito a cada semana, quando quem estudou remotamente iria para as instituições e os alunos que foram até as escolas permaneceriam em casa.
Mesmo com as aulas remotas, nas duas primeiras semanas a REE abriu as portas de suas escolas para receber parte dos estudantes, para que os professores conhecessem os alunos.
A intenção da secretaria era que os professores pudessem fazer uma avaliação dos alunos, principalmente dos novos, para determinar até qual estágio eles conseguiram chegar durante as aulas remotas do ano passado.
Retomada
A REE tem para este ano letivo 194,7 mil estudantes em Mato Grosso do Sul. Número menor que o de 2020, quando eram cerca de 210 mil alunos. A evasão escolar é um dos motivos que faz a SED querer retomar as aulas presenciais de forma híbrida.
A decisão, porém, é tomada em conjunto com o Comitê de Operações Especiais de Mato Grosso do Sul (COE-MS) e respeitando as determinações do Programa de Saúde e Segurança na Economia (Prosseguir), feito pelo governo do Estado e pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para orientar os municípios no enfrentamento da pandemia.
Vacinas
Se a SED tem a expectativa pela volta presencial, do lado dos professores a exigência é de que só haja um retorno das aulas se os profissionais da educação estiverem imunizados contra a Covid-19. A categoria é contra a retomada das atividades nas escolas apenas com os protocolos de biossegurança.
A Federação dos Trabalhadores da Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems) fez uma consulta com seus afiliados e a maioria foi a favor de permanecerem em casa enquanto eles não sejam vacinados.
O titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Geraldo Resende, chegou a dizer no início de abril que a categoria era uma das prioridades para entrar na campanha de vacinação nos próximos dias, mas até agora eles não foram incluídos nos grupos de nenhuma das remessas que chegaram.
Ao todo, a estimativa é que o Estado tenha cerca de 25 mil servidores na Rede Estadual de Ensino. Mas, segundo Resende, ainda não há prazo para que a categoria receba o imunizante.