Da Redação, 6 minutos
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na noite de terça-feira (31) que a economia brasileira vai começar a melhorar a partir do quarto e último trimestre do ano. A recuperação mesmo deve vir somente em 2021, disse em entrevista à CNN Brasil.
Como estão as medidas de suporte à economia? Campos Neto falou que a situação atual da economia pede algum tipo de estímulo fiscal — ou seja, gastos pelo governo — e lembrou que as medidas já anunciadas pelo BC podem injetar R$ 1,2 trilhão no sistema financeiro nacional por meio de recursos liberados para os bancos.
Segundo ele, a medida provisória que trata da linha emergencial de crédito a ser operacionalizada pelo BNDES para financiar a folha de pagamento de empresas deverá ser entregue na semana que vem.
O programa, anunciado na sexta-feira passada, soma R$ 40 bilhões de reais para financiar por dois meses a folha de pagamento das pequenas e médias empresas com recursos do Tesouro (85% do total) e dos bancos (os demais 15%). O objetivo é fornecer respiro de caixa às companhias em meio à pandemia do coronavírus.
E como fica o dólar? Campos Neto voltou a defender o que chamou de princípio da separação, em que o câmbio é flutuante e o BC faz intervenções pontuais no mercado para normalizar a oferta de moeda.
O dólar fechou negociado perto de R$ 5,20 na terça-feira, com um salto de quase 30% no primeiro trimestre. O real encabeçou uma lista de 34 moedas de países desenvolvidos e emergentes que mais se desvalorizaram em relação ao dólar no período.
O presidente do BC frisou que a autoridade monetária tem um arsenal “muito grande” para o câmbio, mas sem ter o objetivo de defender um nível ou uma cotação específica, mas, sim, a de manter a funcionalidade do mercado.
E o PIB? Campos Neto afirmou que o BC vai revisar novamente suas previsões para o Produto Interno Bruto de 2020, como já era esperado. Na semana passada, a revisão que constou do Relatório Trimestral de Inflação indicou que o Brasil não deve crescer em 2020 na comparação com 2019 (ou seja, variação zero do PIB).
No mercado, segundo o boletim Focus, a expectativa é que o PIB se retraia 0,48%, pela mediana das estimativas da pesquisa Focus do BC. Mas algumas consultorias e bancos já preveem contração de mais de 3%.
E sobre os juros? A taxa Selic está em 3,75% ao ano. Campos Neto disse a Selic sozinha não é instrumento eficaz nesta crise. Ainda é preciso credibilidade ao próprio sistema financeiro. “Se não existir credibilidade, o movimento da Selic vai ter pouco valor, porque não é a Selic que determina as condições financeiras”, disse.
(Com Reuters)