Apesar de a taxa de desemprego no país estar em níveis recordes por conta da pandemia da covid-19, a construção civil vem remando contra a maré. Mesmo em meio à crise sanitária, esse segmento gerou, entre junho de 2020 e maio de 2021, 317.159 novas vagas de emprego, um crescimento de cerca de 15% em relação ao mesmo período anterior, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), apresentado pela Secretaria de Trabalho da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
Essa variação foi a maior dentre as outras categorias de atividade econômica que são monitoradas pelo Caged (agropecuária, indústria, comércio e serviços). Além disso, de janeiro a maio deste ano, o setor foi responsável por empregar 156.693 trabalhadores com carteira assinada, quase 7% a mais do que nos mesmos meses de 2020 — a segunda maior alta para o intervalo observada pelo Ministério da Economia, atrás apenas da agropecuária.
O empresário Marlus Franco, 44 anos, sócio de uma empresa de engenharia, testemunhou essa evolução do segmento ao longo dos últimos meses. Desde o início da pandemia, ele já contratou mais de 700 profissionais, desde auxiliares de pedreiro a engenheiros. Segundo ele, o segredo para não ficar estagnado em meio à crise foi não perder o planejamento e transmitir confiança para os clientes.
“Quando foi decretada a pandemia, estávamos com dois contratos fechados para a construção de dois shoppings, e como os investidores decidiram tocar o projeto mesmo assim, outros não quiseram ficar para trás e nos procuraram para saber o que estava sendo feito. Assim, fomos incentivando e motivando os clientes a tocarem os seus projetos, e as coisas foram acontecendo”, comenta.
“Sempre em tempos de crise, surgem oportunidades para quem está preparado e nós já vínhamos em uma crescente. Então, soubemos aproveitar a onda. Juntando isso com uma grande oferta de mão de obra, soubemos selecionar os melhores para cada função. Neste ano, até julho, já fechamos o dobro de contratos que tivemos em 2020. O mercado está muito aquecido, e acreditamos que teremos bons resultados até dezembro”, completa.
Um dos contratados nesse período foi o engenheiro civil Josué Jorge Galdino, 24. “É uma grata motivação enfrentar desafios novos a cada dia. Ao decorrer do tempo, com aquisição de experiência de mercado e mais contato na área, vejo hoje um leque de possibilidades nesta área. Oportunidades que antes eram raras tornaram-se mais comuns. E na área da construção civil, que é muito competitiva, ainda mais em tempos de crise, as oportunidades estão aparecendo.”