Eduardo Miranda
Não é só no comércio lícito de produtos que a venda remota de mercadorias vem ganhando espaço. Entre os traficantes, a remessa de pacotes com drogas para outros estados brasileiros, também vem ganhando força e, Mato Grosso do Sul, por estar estrategicamente localizado perto da fronteira do Paraguai, tem sido um dos grande remetentes de maconha pelos Correios, mas também há envio de cocaína, para outros países, inclusive.
Os equipamentos de rastreio e raio-x da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos já flagraram pelo menos sete remessas de maconha para São Paulo (SP), e para estados de Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Pará e Amapá nos últimos meses. Também há uma remessa de pouco mais de 1 quilo de cocaína para a Suíça.
Na remessa que tinha a capital paulista como destino, a compra – conforme indicam os documentos – foi feita pelo “market place” (plataforma de negócios, na tradução livre) Mercado Livre.
Todos estes casos viraram inquéritos que tramitam na Superintendência Regional da Polícia Federal, em Campo Grande. Em um deles, já mais avançado, os agentes trabalham para identificar não somente a pessoa responsável pela encomenda, mas toda a quadrilha responsável por enviar as caixas com maconha para outros estados.
MERCADO LIVRE?
A apreensão de 1.092 quilos de maconha em julho do ano passado, também na Central dos Correios de Campo Grande, resultou na abertura de inquérito policial na Polícia Federal. Neste caso específíco, a encomenda tinha como remetente um endereço de Ponta Porã, e o destinatário, um apartamento em São Paulo (SP). O produto foi identificado como “lúpulo a granel”.
O remetente era um homem identificado como “Flávio Franco”, de Ponta Porã, e a destinatária, uma mulher identificada como “Júlia Mendes”.
COCAÍNA
A partir de um remetente da cidade de Corumbá, os Correios, a Receita Federal e a Polícia Federal flagraram, no ano passado, uma encomenda de 1 quilo de cocaína para Genebra, na Suíça.
Assim como as encomendas com maconha, a droga foi identificada pelos cães farejadores da Polícia Federal, em um único dia de inspeção na Central dos Correios de Campo Grande.
PORTAL CAIOBÁ
Das encomendas encontradas pelos cães farejadores, três delas tinham o mesmo endereço, do Portal Caoibá, em Campo Grande, como remententes. Eram caixas com maconha enviadas para Macapá (AP), Mossoró (RN) e Santana do Araguaia (PA). Os volumes totalizaram 5 quilos.
NORDESTE
Só neste ano, foram três objetivos despachados para as cidades de Recife (PE) e Salvador (BA), a partir da agência franqueada dos Correios da Rua Pedro Celestino, em Campo Grande.
O Correio do Estado teve acesso à investigação, mas não informará os endereços dos destinatários para não prejudicar o trabalho trabalho da Polícia Federal. O destino da droga remetida por meio de caixas, devidamente embrulhadas como se fosse uma compra de uma grande loja do comércio on-line, são apartamentos em bairros nobres destas capitais nordestinas.
Os policiais federais já estão com as imagens do rapaz que enviou pelo menos dois pacotes, fornecidas pelos Correios. Ele foi identificado, e o fato de o cartão de débito ter sido rejeitado ao remeter as encomendas, fez com que a atendente se recordasse do autor do crime.
Nas caixas, ele usou um nome falso: “José Pedro”. Para Recife, foram enviadas duas caixas, uma com 482 gramas de maconha, e outra com 380 gramas. Para Salvador, a encomenda já era mais pesada: 1,26 quilos da droga.
APREENSÕES
Pelo menos 9 quilos de drogas, destes, 1 quilo de cocaína, foram encontrados pelo sistema de raio-x e também por cães farejadores na central dos Correios de Campo Grande.