5 armadilhas que criminosos usam nos games e nas redes sociais
Cuidado redobrado quando ouvir frases como ‘Quer jogar comigo?’ e ‘Você tem perfil de modelo’. Elas podem abrir a porta para adultos mal-intencionados
Enquanto lê este texto, onde você está exatamente? No carro dos seus pais, na sala de TV ou deitado na cama do seu quarto? Muito provavelmente, em um lugar onde se sente confortável e seguro, certo?
Bom, na internet, infelizmente, não é necessariamente assim. No ambiente online, todos corremos o risco de conhecer e de interagir com pessoas que nunca vimos e nem sabemos de onde são. Até pela facilidade de mentir e omitir informações pessoais, criminosos têm usado as redes sociais, os jogos eletrônicos e os aplicativos de mensagens e paqueras como ponte para se aproximar de crianças e adolescentes com o objetivo de cometer crimes virtuais e sexuais, como pedir para enviar fotos íntimas ou praticar a sextorsão.
A quantidade de crimes e denúncias dessa natureza disparou durante a pandemia da covid-19. Em outubro do ano passado, a Polícia Federal registrou um aumento de 190% de denúncias de crimes de pedofilía virtual. A ONG SaferNet, voltada à promoção de direitos humanos na internet, identificou um crescimento de 102% de denúncias de pornografia infantil em 2020 em relação ao ano anterior.
Mas de que forma esses agressores podem tentar abordar você e convencê-lo a fazer o que pedem? Thiago Oliveira, diretor-presidente da SaferNet, explica que não há exatamente um padrão, porque os criminosos procuram mudar os golpes. Mas ele deixou aqui para você cinco armadilhas muito comuns. Ou seja, se viu algo parecido, redobre a cautela e chame um adulto.
CUIDADO QUE PODE SER UMA ARMADILHA
1 – Vamos jogar juntos?
Os assediadores aproveitam o interesse que crianças e adolescentes têm pelos jogos eletrônicos para tentar uma aproximação. Uma das formas mais frequentes de abordagem é oferecer ajuda nas partidas colaborativas, em que os jogadores se reúnem em equipes para alcançar o objetivo do game. Os primeiros contatos não são difíceis de acontecer graças aos fóruns e chats que os próprios jogos deixam à disposição dos usuários. Os criminosos aproveitam para oferecer o pagamento de mercadorias e acessórios que ajudam a melhorar o personagem do jogo em troca de favores e condições. Há quem se entusiasme e repasse aos criminosos informações importantes, como números de contato ou de cartão de crédito.
2 – Parece papo de adolescente mesmo?
Criminosos criam perfis falsos para se passar por crianças e adolescentes. Além de comum, a armadilha está ficando mais sofisticada. Como os jogos eletrônicos e videogames permitem o diálogo falado entre os jogadores, alguns agressores passaram a infantilizar a voz por meio de programas especiais. Assim, querem conseguir se passar por outra criança. “É possível identificar uma voz mais metalizada, mas é algo que uma criança poderia não identificar”, afirma. Por isso, a orientação de especialistas, como Oliveira, da SaferNet, é que a conversa também seja feita por chamadas de vídeo, para que seja possível ver a pessoa e saber quem está do outro lado. “Se houver recusa em conversas por vídeo/live, é importante desconfiar”, alerta.
3 – Personagens de desenhos em situações pornográficas ou de abuso
Segundo especialistas, em algumas situações, há uma tentativa do aliciador de naturalizar o sexo entre menores de idades por meio do envio de imagens que retratam personagens de desenhos infantis em cenas pornográficas ou de abuso. “Nesse tipo de abordagem, há uma tentativa de naturalizar a ideia de que relações com crianças é algo normal”, explica Oliveira, diretor-presidente da SaferNet. Saia da página ou do game se você encontrar algo assim.
4 – Você é bonita/o. Quer ser modelo?
Uma maneira que os assediadores encontram para abordar adolescentes, segundo Thiago Oliveira, é por meio de agências de modelo falsas. O alvo, nesses casos, costumam ser adolescentes e pré-adolescentes, segundo o diretor-presidente da SaferNet. Com a promessa de uma vida glamourosa e a oferta de uma carreira de modelo, os perfis falsos pedem aos jovens que enviem fotos para uma suposta avaliação. Quando o vínculo está fortalecido e o assediador percebe que o adolescente se convenceu de que a agência é verdadeira, a conversa evolui para convites de fotos com sunga e biquíni. “Nunca é uma abordagem explícita. Geralmente, cria-se uma história e, com isso, tentam seduzir a vítima com falsas promessas de sucesso, prestígio, glamour e dinheiro”, explica Oliveira.
5 – Está se sentindo triste? Ninguém entende você? Posso ‘ajudar’
Com o uso mais frequente da internet como espaço de comunicação e manifestação de sentimentos, adolescentes passaram a expressar com mais frequência tristeza, melancolia e frustração nas plataformas digitais. Identificar e encontrar pessoas emocionalmente fragilizadas é outro caminho que os aliciadores usam para ser íntimos dos mais jovens. E como encontram essas pessoas? Segundo o presidente da SaferNet, por meio de conteúdos publicados nas redes sociais, nas conversas em fóruns de games e até em comentários escritos no YouTube. Qualquer sinal de tristeza apresentado por um adolescente pode ser a porta de entrada para um assediador que pretende conquistar alguém que, emocionalmente, precisa de ajuda.
Confira dicas de como identificar um perfil falso e se proteger na internet
A internet permite a comunicação de pessoas de vários lugares do mundo e as redes sociais potencializaram essa possibilidade. Mas há pessoas que se escondem por trás de informações falsas para se aproximar de adolescentes, como você, ou observam de “longe” todos os conteúdos que você publica nas redes sociais.
Os riscos são os mais diversos quando se mantém qualquer tipo de relacionamento com essas “pessoas” ou quando informações pessoais se tornam acessíveis para qualquer um. Para garantir a sua proteção nesse universo virtual, a equipe do Aquele Assunto selecionou 3 dicas indispensáveis para você que gasta horas na internet.
● Não confie
Não importa o quanto você converse com alguém apenas online, essa pessoa ainda é uma estranha. Conversas online podem ser muito envolventes, mas não quer dizer que correspondem a sentimentos reais. A recomendação é válida para qualquer rede social ou ambientes virtuais.
● Pesquise as fotos
Faça uma busca por imagem no Google das fotos do perfil. Assim, você pode saber se aquelas fotos foram postadas antes e pertencem a outra pessoa ou mesmo se foram tiradas de um banco de imagens. Uma simples pesquisa pode fazer a diferença!
● Analise o perfil
Confira a lista de amigos ou seguidores, o número de interações que o perfil faz com outras pessoas. Que tipo de comentários ela recebe? Está marcada em fotos de amigos? Se o perfil não tem nada disso, bandeira vermelha.
Você conhece o crime de sextorsão? Veja o que é e como evitar
O nome pode ser novo, mas descreve um crime que infelizmente está se tornando conhecido. A sextorsão acontece quando uma pessoa ameaça divulgar imagens íntimas com o intuito de forçar alguém a fazer algo, uma forma de violência que pode ser motivada por vingança, humilhação ou extorsão financeira. A sextorsão, também chamada de ‘sextortion’ ou ‘extorsão sexual’, é uma modalidade de extorsão, prevista no artigo 158 do Código Penal.
Mas o que você pode fazer caso seja vítima de sextorsão? Conversamos com especialistas e resumimos as orientações que eles dão para quem está passando por este momento difícil. Confira aqui:
PROCURE VERIFICAR SE A PESSOA TEM MESMO A IMAGEM. E NÃO CEDA AO CRIMINOSO
A psicóloga e diretora da SaferNet, Juliana Cunha, diz que o primeiro passo é não ceder às ameaças e às chantagens, por mais que a pressão e o medo sejam grandes. “Se a vítima ceder, o criminoso vai continuar chantageando, ameaçando e, às vezes, até forçando a pessoa a produzir mais imagens ou a marcar um encontro, ou seja, colocando-a em mais risco.”
A melhor saída é, antes de tudo, verificar se essas imagens realmente existem ou se não se trata apenas de um golpe comumente aplicado na internet, em que o criminoso nem sequer detém qualquer imagem da vítima. Caso a imagem realmente exista, a advogada Laura Mascaro alerta para que seja também verificado como os conteúdos foram obtidos. “Pode haver também o crime de invasão de dispositivo informático (art. 154-A, do Código Penal) para obtenção das fotos, das senhas ou de outros dados. Para prevenir, é importante realizar a troca periódica das senhas e que elas tenham um nível de dificuldade considerável”, recomenda.
QUEBRE O SILÊNCIO E BUSQUE AJUDA
Falar sobre o que está acontecendo pode ser difícil, mas vai ajudar você a lidar melhor com a situação e com os próximos passos desse processo. Você não está sozinha(o)! Busque um familiar de confiança, amigos ou professores. “É importante procurar ajuda de alguém que confie para poder ajudar a dar esses passos, porque são passos que muitas vezes alguém sozinho ou por si mesmo pode não conseguir fazer”, disse Juliana.
A vítima não deve se sentir culpada e nem pensar que é responsável pelo que aconteceu. A responsabilidade é de quem compartilha as imagens íntimas”
Juliana Cunha, diretora da SaferNet
Quebrar o silêncio pode dar vergonha por causa da situação: o que os meus pais vão pensar de mim? O que os meus amigos vão achar que eu sou? É um momento complicado, mas o importante é saber que a culpa não é sua. Você é a vítima dessa situação.
ONDE MAIS PROCURAR AJUDA GRATUITAMENTE:
● Canal de Atendimento Helpline, da SaferNet
● Associação Brasileira de Psicodrama (ABPS)
● Instituto de Psicologia da USP
FAÇA REGISTO DAS AMEAÇAS QUE ESTIVER RECEBENDO
Para futuras ações penais ou cíveis, a advogada Laura afirma que o importante é preservar as provas das ameaças. Faça backup e armazene o máximo possível de informações, como print das páginas, das URLs e das mensagens e também dos perfis da vítima e do agressor. Excluir as mensagens ou os perfis dificulta o rastreamento do criminoso. Uma saída é desativar o perfil por um tempo.
Você pode também registrar o material em um tabelionato de notas como ata notarial. Esse procedimento não é obrigatório, mas ele ajuda a atestar que o material é verídico. Caso tenha alguma dúvida sobre o registro, a SaferNet tem um canal para atendimento com profissionais especializados que podem dar orientações.
DENUNCIE O CASO NA DELEGACIA E FAÇA UM BOLETIM DE OCORRÊNCIA
Busque a delegacia mais próxima de sua residência para fazer um boletim de ocorrência. O indicado é procurar por uma Delegacia de Crimes Cibernéticos, Delegacia da Mulher ou Delegacia de Defesa da Infância e da Juventude, quando houver. Além de contribuir no processo de responsabilização do agressor, a denúncia é importante para que um inquérito policial seja instaurado e o caso, investigado. “Denunciar é um passo necessário também para você buscar reparação pela Justiça”, observa Juliana. Outro canal de denúncias que você pode utilizar é o Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos.
Além da polícia, você também deve avisar à plataforma de que o conteúdo disseminado é ilegal, solicitando a sua remoção. O Marco Civil da Internet obriga as empresas digitais a removerem conteúdos que violem a integridade dos usuários, após as denúncias.
O Google oferece um formulário para solicitação de remoção de imagens íntimas. Mas, calma, isso não faz com que a imagem seja removida da página onde está hospedada. O que o formulário impede é que a imagem apareça associada ao nome da vítima nas buscas da plataforma. O formulário deve ser preenchido pelos responsáveis legais de menores de 18, por advogados ou outros representantes legais da vítima da exposição não autorizada.
COMO REDUZIR O RISCO DE SE TORNAR VÍTIMA DE SEXTORSÃO
1 – Tenha cuidado com nudes
Enviar uma nude tem riscos. Somente em 2020, 355 pessoas procuraram ajuda no canal da SaferNet, organização social que preza por uma internet segura, por terem suas fotos íntimas expostas na internet. O parceiro precisa respeitar a sua vontade e, se por acaso ele estiver insistindo, preste atenção se você não está numa relação abusiva. Justificar uma nude como prova de amor ou como prova de que você quer estar com a outra pessoa é uma das maneiras mais usadas para fazer você sentir culpa e ceder. Se alguém compartilha uma foto sem a sua permissão, você é vítima de um crime de pornografia infantil – e não o culpado. O vazamento dessas imagens pode causar danos psicológicos e sociais à pessoa exposta.
2 – Redobre a cautela com os desconhecidos nas redes
Predadores sexuais aplicam golpes com frequência na internet. Tenha cuidado com as suas postagens e com os desconhecidos que conversam com você. Alguns golpes já são conhecidos, como as agências de modelo falsas e os perfis falsos que compartilham, “coincidentemente”, as mesmas experiências e sentimentos que você tem na internet.
3 – Mantenha os equipamentos seguros
Opte por senhas fortes e sempre renove quando possível. Muitas fotos e muitos dados são vazados por meio de invasões hackers. Além disso, as atualizações de software são desenvolvidas para garantir maior segurança aos clientes. Atualize o seu celular: o uso de aplicativos de antivírus e firewall podem ajudar nessa segurança. Se tiver dúvidas, não tenha vergonha de perguntar ou pesquisar. Educação digital é a melhor ferramenta de segurança.
4 – Cuidado com suas informações na nuvem
Em alguns sistemas operacionais, quando você tira uma foto, ela é salva automaticamente na nuvem. A dica é desabilitar essa função, pois as nuvens também podem ser hackeadas, facilitando o roubo de imagens e dados.
Importunação sexual virtual: o que você deve saber sobre esse novo crime
Parece um vídeo qualquer. Você clica esperando um meme e se depara com conteúdos de teor sexual. Se a sensação for de constrangimento, não está sozinha: esse é o crime que mais atinge meninas na internet. Chama-se importunação sexual, um crime inserido no Código Penal brasileiro em 2018 que ainda é pouco conhecido. Em poucas palavras, trata-se de constranger outra pessoa para satisfazer o próprio desejo sexual ou de um terceiro, através de um ato libidinoso com o qual a vítima não consentiu.
Para ajudar você a entender o que é, como agir em uma situação dessa e como ajudar um amigo que tenha sido vítima desse tipo de delito, o Aquele Assunto vai trazer tudo o que você deve saber sobre o crime que mais atinge meninas na internet.
● O que é o crime de importunação sexual?
É a prática de constranger outra pessoa para satisfazer o próprio desejo sexual ou de terceiros, por meio de um ato libidinoso para o qual a vítima não deu consentimento. O crime foi definido e inserido no Código Penal brasileiro em 2018 por meio da Lei de Importunação Sexual (13.718/2018), em resposta à onda de assédios que mulheres estavam sofrendo em transportes públicos na época. A pena para quem cometer um ato de importunação sexual é de 1 a 5 anos de reclusão.
● Quais atos podem ser considerados exemplos de importunação sexual?
Importunação sexual ocorre quando uma pessoa toca de maneira maliciosa o corpo de outra sem permissão ou tenta dar um beijo forçado durante uma festa. É importante observar que tentar praticar um ato sem o consentimento da vítima também é considerado crime, independente do desejo sexual ter sido satisfeito ou não.
● Posso ser vítima de importunação na internet?
Infelizmente, sim. A importunação sexual não acontece somente no mundo físico. A advogada Laura Mascaro reforça que todas as leis válidas para o ambiente offline são válidas online. “O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Código Penal, entre outros, se aplicam no ambiente online”, afirma Laura. Logo, mandar vídeos de pornografia ou fotos íntimas por aplicativos de mensagem ou pelas redes sociais, sem que o destinatário demonstre interesse em receber esse tipo de conteúdo, é considerado crime de importunação sexual.
● Por que é importante entender o que é importunação sexual?
Todas as pessoas – homens, mulheres, você, sua irmã, sua professora e seu amigo – têm o direito à dignidade e à liberdade sexual. Ou seja, todos devem ser livres para escolher com quem se relacionar, como se relacionar e até mesmo não se relacionar sexualmente com ninguém. Afinal, não querer também é um direito. Considerar a importunação sexual um crime é uma forma de proteger a liberdade e a dignidade sexual que todo indivíduo tem e que é sua por direito. Portanto, ao sentir-se constrangida ou forçada a fazer algo que não seja de sua própria vontade, a vítima deve ser encorajada a denunciar o caso. Como até 2018 esse crime não era tipificado, o autor de uma importunação sexual estaria cometendo somente uma contravenção penal (um crime mais leve), e estaria sujeito a pagar apenas uma multa como punição.
● Fui vítima ou conheço alguém que passou pelo problema. O que fazer?
Antes de mais nada, não apague o perfil, a conversa e o conteúdo sexual que foi usado para importunar e constranger você. Advogados ouvidos pelo Aquele Assunto recomendam salvar o material para ser utilizado como prova, por meio de prints que identifiquem o agressor e a ação que ele cometeu. Além disso, é importante utilizar os canais de denúncia Disque 100, além de acionar a plataforma onde se desenrolou a conversa. Outra recomendação é registrar um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima ou na Delegacia de Defesa da Infância e da Juventude. Porque somente assim o inquérito policial poderá ser instaurado e o caso, investigado.
● O que devo fazer se alguém me disser que está passando por essa situação?
A SaferNet lançou um guia sobre como se proteger de violência online. De acordo com o material, quando uma criança ou um adolescente passa pela situação de ter sofrido uma importunação sexual ou ter sido vítima de algum outro crime de violência na internet, é comum procurar ajuda dos amigos mais próximos. Se você for um deles, é muito importante demonstrar apoio, compreensão e não tratar o amigo como se fosse culpado pelo que aconteceu. Não se preocupe em dar o conselho perfeito. Escutar, não fazer julgamentos e se mostrar disponível para ajudar são ótimos passos para acolher uma pessoa que tenha sofrido violência sexual na internet.
● E se o criminoso não estiver no Brasil? Mesmo assim ainda sou vítima?
É comum a troca de mensagens entre pessoas que estão em países diferentes. No caso de o agressor cometer uma importunação sexual estando no exterior, os investigadores devem verificar se o Brasil tem um termo de cooperação judiciária com o país de onde o criminoso agiu. Para a vítima do crime, o procedimento deve ser o mesmo que foi apresentado acima. É necessário fazer a denúncia e entrar em contato com a polícia para fazer um boletim de ocorrência. Além disso, é preciso notificar a plataforma e, de forma alguma, excluir o perfil do assediador. “Pode bloquear, mas precisa manter as informações para que possa depois, em uma ação penal, comprovar o que aconteceu”, explica a advogada Laura.
● E o que não é considerado importunação sexual?
Para especialistas, há uma lacuna na Lei de Importunação Sexual em que não é possível afirmar que o crime aconteça quando há o envio de mensagens de textos ou de áudios que possam constranger uma pessoa. Contudo, não se enquadrar no tipo penal de importunação sexual não significa, segundo Laura Mascaro, que a ação não possa ser objeto de uma ação cível. A advogada afirma ainda que, no caso de a cantada ser ofensiva e feita em voz alta na presença de outras pessoas, pode se encaixar em outros tipos penais. “Se isso for feito em um fórum aberto de internet, é possível enquadrar em um crime de injúria e difamação a depender do nível de agressividade da cantada”, explica a advogada.
Por Caio Possati, Daniel Rocha, Luiz Henrique Gomes, Natália Santos e Sarah Nicoli