Daiany Albuquerque
A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande informou que já verifica uma redução do número de casos confirmados da Covid-19 e também do número de internações pela doença causada pelo coronavírus.
Segundo média móvel feita pela pasta, a cidade caiu de 369 casos confirmados para 179 episódios a partir da 32ª semana epidemiológica da pandemia.
A justificativa do secretário de Saúde da Capital, José Mauro de Castro Filho, para dias como quinta-feira (13), quando o boletim epidemiológico divulgado pelo governo do Estado contabilizou mais 1.050 casos, sendo 660 em Campo Grande, é a demora no processamento do resultado dos exames.
Por conta da alta demanda no Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen-MS) durante a pandemia, eles têm sido encaminhados para São Paulo e para o Rio de Janeiro.
“Na verdade, foram liberados mil resultados de 13 mil exames que estavam acumulados, porque a estratégia tem sido levar esses exames para São Paulo para fazer no [Instituto] Butantan e na [Fundação Oswaldo Cruz] Fiocruz. Quando chegam, duas vezes na semana, a gente tem aquelas colunas mais altas, então você vai ver o número de óbitos, é um número grande. Agora pega a data do óbito, você vai ver que são dias diferentes”, declarou o secretário.
Segundo a média móvel da prefeitura, no início da 32ª semana epidemiológica a cidade vivenciava o pico da pandemia, entretanto, dia após dia esses dados foram reduzindo – na sexta-feira (14), a média móvel apontava 179 casos confirmados na cidade.
“O resultado chega acumulado: para isso que a linha média serve, para que evite essa interpretação por uma deficiência estrutural, que não é só em Campo Grande ou no Estado, é no Brasil. Não houve uma implementação de [testes] RT-PCR em laboratórios que pudessem fazer isso em larga escala, como é necessário”, explicou Castro.
A média móvel da Sesau também mostra uma estabilização em número de óbitos pela doença, já que, desde o início da semana passada, a média passou de sete mortes, na segunda-feira, para seis mortes, na sexta-feira.
“Não sei se é uma realidade que vai ter uma queda ou se é transitório, se nós próximos dias nós vamos ter um aumento dessa curva. Mas, historicamente, em outras cidades foi isso que aconteceu. Na 32ª semana houve uma diminuição dos casos, por isso você vê algumas vezes uma fala divergente do município com o Estado, porque nós estamos observando a tendência exclusivamente de Campo Grande”, disse o secretário.
ATRASO
Apesar disso, para o médico infectologista e pesquisador da Fiocruz Julio Croda, o atraso de uma semana nos resultados das análises prejudica essa interpretação. “Você só pode olhar a semana retrasada, dados da semana ainda estão em processamento. É só olhar quantos exames ainda estão pendentes”, declarou.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Campo Grande ainda tem 3.146 exames de RT-PCR represados aguardando resultado. No Estado todo, são 7.161 exames aguardando análise.
Outro ponto observado por Castro é a utilização dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs), que caiu durante essa semana, principalmente no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, referência para o tratamento da Covid-19 no Estado.
No dia 3 deste mês, todos os 91 leitos críticos da unidade estavam ocupados. Sábado, 12 dias depois e com 20 vagas a mais, o hospital já tinha ocupação de 79%, com 23 UTIs vazias.
Ontem, a taxa de utilização dos leitos de terapia intensiva global (que incluem pacientes com o novo coronavírus e de outras enfermidades), tanto de unidades públicas quanto privadas, era de 83% – taxa que já chegou a mais de 90% neste mês.
“Está ficando difícil sustentar esse colapso se está começando a sobrar leito, se estão caindo as notificações da média móvel, se está caindo o número de óbitos da média móvel. O que está existindo são picos, porque existe uma deficiência nos resultados dos exames que vai impactar tanto nas notificações quanto nos óbitos”, alega o secretário.
Na semana passada, a Capital também teve uma melhora pelos números do governo do Estado.
Depois de ficar quase todo o mês de julho com classificação de grau de risco extremo para a pandemia pelo programa Prosseguir, a cidade voltou ao grau de risco alto e não é mais um dos municípios com os piores índices em relação à doença.
A ferramenta foi construída pela SES, em parceira com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), e tem por objetivo auxiliar as prefeituras nas restrições e aberturas durante o período de pandemia.