Por Ricardo Campos Jr
O Pantanal é o bioma brasieliro com maior proporção de vegetação nativa, conforme levantamento feito por cientistas do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP).
A vegetação presente em Mato Grosso do Sul sofreu impacto de 12% com a pecuária e de 0,21% com a agricultura.
Já o Cerrado, também presente no Estado, tem apenas 19,49% de áreas preservadas.
Atividades agropecuárias ocupam hoje 40% de todo o bioma, lembrando que o estudo considerou toda a extensão dele, no país, que também afeta áreas nas regiões central e norte brasileiras.
A Mata Atlântica, está com 62% de seu território ocupado por pastos ou plantações.
O objetivo da pesquisa foi medir os impactos das atividades econômicas nos recursos hídricos.
O estado das florestas e matas têm relação íntima com os mananciais subterrâneos.
Essa análise da vegetação foi realizada em 2019 com base em uma plataforma que depois permitiu observar a preservação da vegetação nativa e a extensão de atividades com possível impacto na qualidade da água: agricultura, pasto, silvicultura, mineração e urbanização.
Na escala espacial, pode-se medir o efeito daquela atividade na margem do rio, exatamente no ponto de coleta da água, na faixa de vegetação ripária (também conhecida como mata ciliar) ou em toda a bacia hidrográfica.
O material foi publicado no Journal of Environmental Management em forma de artigo científico com apoio da Fundação Paulista de Amparo à Pesquisa (Fapesp).
A equipe responsável pela análise destacou que nas áreas de pastagem, o solo é compactado pelos animais, o que afeta a absorção de água pelo solo, aumentando o escoamento superficial e faz com que uma maior quantidade de água e poluentes chegue ao corpo d’água quando chove.
Já a agricultura interfere negativamente pela injeção de produtos como nitrogênio, fósforo e outras substâncias químicas nos rios e riachos.
As zonas urbanas, embora ocupem apenas 0,6% do solo do país, também têm sua parcela, já que a impermeabilização faz com que todos os materiais químicos sejam levados diretamente aos cursos d’água com as chuvas.
Além disso, também há a questão do tratamento de resíduos e esgoto, já que apenas 10% dos grandes centros tratam mais do que 80% de todos os dejetos coletados na rede.
Diante dos resultados, o Cerrado e a Mata Atlântica são vistos como os biomas mais ameaçados.
No primeiro, conforme os cientistas, só restam 19% da vegetação original, enquanto na segunda, o desmatamento cresceu 108% desde o começo do ano.
Queimada Pantanal
Já o Pantanal atualmente sofre com incêndios florestais que estão, dia após dia, consumindo a vegetação.
Conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em setembro foram registrados 3.097 pontos de calor somente em Mato Grosso do Sul.
Nos quatro primeiros dias de outubro, foram 491.
Considerando apenas o bioma, o nono mês foi o pior desde 1998, com 8.106 focos de incêndio identificados graças aos satélites de monitoramento.
No acumulado de 2020, o Pantanal teve 18.838 incêndios nas matas, a maior parte no estado de Mato Grosso.
Ano passado, nessa mesma época do ano, o Inpe havia contabilizado 10.025 pontos de calor.