Por Eduardo Miranda
O promotor de Justiça Rodrigo Yshida Brandão pediu ao Poder Judiciário para manter com os colegas do Grupo de Apoio Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), a investigação para chegar aos chefões da quadrilha que tentou invadir o cofre do Banco do Brasil, em Campo Grande, no dia 23 de dezembro, antevéspera de Natal, para furtar centenas de milhões de reais que estavam guardados no local. No pedido, o promotor alega que o caso tem características “transnacionais”, e que a investigação deve ser compartilhada com grupos de combate ao crime organizado de outros estados brasileiros. O Correio do Estado apurou que o inquérito ultrapassou os limites de Mato Grosso do Sul, e que diversos outros roubos a banco poderão ser elucidados na investigação.
No momento, os promotores do Gaeco, e os policiais civis do Grupo Armado de Repressão a Assaltos e Sequestros (Garras), estão em busca dos chefões da quadrilha, identificados como “Barba” e “Véio”. Eles não moram em Mato Grosso do Sul. No mesmo documento, Yshida aproveitou a ocasião para reforçar a periculosidade do grupo que já está preso, e confrontar o principal argumento da defesa dos acusados: de que o furto não se concretizou (não teria objeto do crime) e que a quadrilha teria desistido da ação por causa de um erro de cálculo.
CAMINHONETES, FUZIS…
O promotor ressaltou o poder econômico da quadrilha, que alugou três imóveis, foi flagrada com sete automóveis (entre eles duas caminhonetes Toyota Hilux e um caminhão Iveco) e mais cinco armas de fogo, dentre elas, três fuzis. A quadrilha ainda utilizava equipamentos de inteligência, como bloqueadores de sinais de telefonia celular, micro câmeras e até mesmo escutas ambientais.
A estimativa dos policiais, é de que os cofres do Banco do Brasil estariam armazenando, na data em que o plano seria executado (véspera de Natal) aproximadamente R$ 200 milhões. Uma casa, distante 70 metros da central bancária foi o ponto de partida do túnel, que tem a mesma extensão.
Enquanto os envolvidos alegam que tinham a intenção de desistir do plano por causa de um erro de cálculo, os policiais relatam que o flagrante ocorreu justamente na festa em que eles celebravam o fim das escavações do túnel, com tudo pronto para a execução do plano.
Estão presos Wellington Luiz dos Santos Júnior, Lourinaldo Belisario de Santana, Robson Alves do Nascimento, Gilson Airis da Costa, Eliane Goulart Decursio, Francisco Marcelo Ribeiro e Bruno Oliveira Souza. Eles foram denunciados pela prática de furto triplamente qualificado, organziação criminosa. Bruno, que reagiu à abordagem policial, também foi denunciado por esta prática.
Há a suspeita que criminosos que teriam participado do furto ao Banco Central de Fortaleza, em agosto 2005, poderiam ter auxiliado a quadrilha. Naquela ocasião, a maior invasão a um banco da história do Brasil, foram furtados R$ 164 milhões.