Estadão Conteúdo.
Após os amistosos da seleção brasileira, Neymar tem uma nova missão em sua carreira: se reapresentar ao Paris Saint-Germain para, finalmente, estrear na temporada pelo clube francês. A partida que marcará o reencontro do jogador brasileiro com a torcida do Paris, depois de um período atribulado durante a janela de transferências, será neste sábado, no Parque dos Príncipes, em casa, portanto, contra o Strasbourg, pela quinta rodada do Campeonato Francês. Já muita ansiedade das partes envolvidas: jogador, torcedor e dirigentes.
A diretoria do PSG espera fazer desse jogo o passo inicial para um recomeço de Neymar na França. O plano para recuperar a afinidade do jogador com a torcida do time, principalmente, passa por três fases. São três frentes imediatas para que Neymar volte a ser o “cara” do Paris Saint-Germain. A mais complicada delas, inicialmente, será fazer com que os torcedores criem novamente empatia com ele. Não será fácil. Em princípio, a torcida do Paris adotará um sentimento de indiferença ao jogador, o que já poderia ser considerado um avanço no relacionamento, uma vez que Neymar teve o novo gritado negaticamente na rodada de abertura do Campeonato Francês, e faixas pedindo sua saída de Paris.
As diversas faixas foram estendidas nas arquibancadas criticando o brasileiro pelo fato de ele ter manifestado interesse explícito em deixar o clube na janela de transferências. Queria voltar ao Barcelona, de onde veio por um caminhão de dinheiro (222 milhões de euros). Isso pegou muito mal com os torcedores. Para tentar “fazer as pazes” ou colocar panos quentes na situação, os dirigentes do PSG procuraram duas organizadas para tentar selar a paz, mas não obtiveram garantias de que haveria uma trégua nesse momento. Não seria demais supor que Neymar é jogador “non grato” no clube.
O segundo obstáculo dos dirigentes do PSG, que tem Leonardo como diretor de futebol, será o de controlar as declarações de Neymar pai. Mesmo com o encerramento da janela de transferências, ele continua lamentando o fato de o filho ter permanecido em Paris. No último fim de semana, durante uma palestra em evento em Edimburgo, na Escócia, ele voltou a manifestar frustração com a não transferência do filho.
“Como agente, você se sente fraco quando não existe uma estrutura que permita sair e chegar de um clube. Não havia cláusula de rescisão de contrato no PSG, e isso tornava as coisas muito difíceis. Lutamos para encontrar um ponto de acordo. Demos o nosso melhor por ele”, afirmou Neymar pai. O clube manteve-se irredutível em sua necessidade e interesse de vender seu camisa 10. Pediu alto pela transação, 300 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão) e não se dobrou às ameaças do jogador e do seu estafe. Confiou no contrato de três anos que ainda tem com o jogador. Neymar chegou a tramar com seus amigos do Barcelona sobre a volta, e obteve de Messi e Suárez caminho livre para eles voltarem a formar o trio MSN, que encantou o mundo quando esteve junto.
Teoricamente a parte mais simples e já encaminhada, segundo a imprensa francesa, é a relação de Neymar com o elenco do PSG. Os principais líderes da equipe, como Mbappé, Thiago Silva e Cavani, demonstraram satisfação pela permanência do brasileiro. Eles sabem que ganhar campeonatos com Neymar ao lado é mais fácil, embora o projeto Liga dos Campeões já naufragou em duas temporadas.
Neymar permanecerá pelo menos até o fim do ano no clube, no que será sua terceira temporada na França. Nas duas primeiras, ele sofreu com algumas lesões que o impediram de liderar o Paris Saint-Germain na luta pelo título da Liga dos Campeões da Europa e justificar os 222 milhões de euros (R$ 997,25 milhões na cotação atual) pagos em sua contratação.
Com os planos frustrados de voltar ao futebol espanhol, o atacante agora terá mais uma oportunidade de fazer história no clube francês. Resta esperar se os últimos meses do ano serão uma contagem regressiva para o adeus na próxima janela de transferências ou se será o início de um recomeço na carreira atribulada do jogador.
Sua retomada no PSG também passa pelo seu comportamento. Certamente a torcida, tampouco a diretoria, vai suportar desmandos do jogador e falta de profissionalismo. O PSG quer Neymar concentrado e focado. Coincidentemente, o clube de Paris postou em uma de suas redes sociais momentos da carreira de outro brasileiro no time, o meia Raí. O post mostra Raí em lances importantes do PSG no passado. Ele foi ídolo e técnico do time francês. Tudo isso já faz parte do trabalho do clube para preparar a volta de seu maior jogador, Neymar.