Por Estadão Notícias
A repercussão do ataque ocorrido no final de semana a uma refinaria na Arábia Saudita pode ser positiva para o Brasil, afirmou o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone.
Em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira, 17, Oddone comentou que a percepção de risco é maior nos países com tensões geopolítica mais acirradas.
“A percepção de risco em relação ao Brasil é muito menor. O episódio pode aumentar o interesse pelo petróleo brasileiro, temos leilões importantes para acontecer”, disse, citando o leilão de excedentes da cessão onerosa, marcado para o dia 6 de novembro, e oportunidades em áreas do pré-sal.
O diretor da ANP afirmou que até o momento a agência não identificou alteração de preço nos combustíveis em decorrência do aumento do petróleo no mercado internacional.
Questionado pelos apresentadores se os postos de combustíveis poderiam aumentar os valores, o que já estaria acontecendo em algumas cidades como relataram ouvintes, Oddone disse ser possível, reiterando que no mercado brasileiro os preços são livres, mas que não vê motivo para tal. “Não vai faltar petróleo”, afirmou.
Oddone lembrou que a decisão sobre reajuste de preços às refinarias cabe ao conselho de administração da Petrobras, mas que em caso de eventual alta, o Brasil conta com um substituto, que é o etanol.
“O etanol pode mitigar efeito maior que haja no preço do petróleo. Se o preço (do petróleo) sobe muito, incentiva o combustíveis renováveis.” Ele observou que no longo prazo, a tendência é que o preço do barril na cotação internacional se estabilize.
Ainda sobre o ataque a unidades da petroleira Saudi Aramco, na Arábia Saudita, no último sábado, o dirigente destacou que em sua avaliação o que ocorreu foi um aumento da percepção de risco e exposição da fragilidade a ataques por drone.
“O que este final de semana mostrou é que um ataque de pequenas proporções com drones causa um grande prejuízo”. Em seguida, comparou o episódio ao ataque com aviões em Nova York do 11 de setembro, que elevou a percepção de risco internacional e gerou medidas preventivas também no setor do petróleo.
O atentado de sábado interrompeu a produção de 5,7 milhões de barris diários de petróleo, montante que representa metade do exportado pelos sauditas e 5% do explorado diariamente no mundo.