O ano de 2023 está sendo marcado por fenômenos climáticos extremos, que colocam em evidência os efeitos das mudanças climáticas causadas pela ação humana. Ondas de calor, secas, incêndios florestais, chuvas torrenciais e inundações são alguns dos eventos que têm afetado diversas regiões do planeta, com consequências graves para a saúde, a economia e o meio ambiente.
Um dos fatores que contribuem para esse cenário é o El Niño, um fenômeno natural que consiste no aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, alterando os padrões de vento, pressão e precipitação em escala global. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o atual El Niño deve durar pelo menos até abril de 2024, influenciando o clima mundial até a metade do ano que vem.
De acordo com a OMM, o El Niño alcançará seu ponto máximo entre novembro deste ano e janeiro de 2024, e deve se manter persistente no próximo inverno do Hemisfério Norte e no verão do Hemisfério Sul, duas estações que estão prestes a começar. A agência alerta que eventos extremos como ondas de calor, secas, incêndios florestais, chuvas torrenciais e inundações serão potencializados em algumas regiões, com repercussões significativas para a população e os ecossistemas.
Outro fator que explica as temperaturas recordes e as ondas de calor é o aquecimento global, causado pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2), provenientes da queima de combustíveis fósseis e de outras atividades humanas.Segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia, o ano de 2023 tem tudo para se tornar o mais quente dos últimos 125 mil anos quando se encerrar, em dezembro.
O instituto europeu vem registrando recordes de temperatura com ondas de calor que primeiro atingiram o Hemisfério Norte durante o verão e agora chegam à parte sul do globo com enorme intensidade. No Brasil, por exemplo, espera-se que a atual onda de calor a atingir o país eleve as temperaturas em até 5ºC em diversos estados, como informa o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Além disso, o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus alerta que outubro deste ano bateu o recorde de mais quente da história, superando a marca registrada em 2019 em 0,4 graus Celsius – o que é uma grande diferença segundo os estudiosos.
De acordo com os relatórios recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC), as temperaturas do planeta Terra nunca foram tão altas como agora há pelo menos 125 mil anos. Outros pesquisadores seguem alertando que o desenvolvimento de um El Niño de grande intensidade em um mundo já bastante aquecido cria uma “tempestade perfeita”, com recordes de temperaturas altas, secas e ondas de calor potencialmente mortais para humanos.
Diante desse cenário, especialistas chamam a atenção para a urgência de medidas para mitigar as emissões de gases de efeito estufa e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas, que já são inevitáveis. A próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), que acontecerá em novembro em Glasgow, na Escócia, será uma oportunidade para que os países assumam compromissos mais ambiciosos e efetivos para enfrentar esse desafio global.
Da Redação