Igor Almenara Carneiro – via nexperts
A órbita terrestre está prestes a vivenciar uma escalada sem precedentes no risco de colisões com detritos espaciais, afirmam especialistas. Holger Krag, líder do programa de segurança espacial da Agência Espacial Europeia (ESA), alerta que acidentes no espaço podem resultar em “explosões na órbita”, devido a resíduos de combustíveis e energia deixados para trás.
“O maior contribuidor para o atual cenário de detritos espaciais são explosões na órbita, ocasionados por energia descartada — combustível e baterias deixados em espaçonaves e foguetes”, comentou o cientista em uma declaração. Krag afirma que muito foi feito para evitar esse tipo de escalada, mas as medidas não foram eficientes para reduzir o número de eventos na órbita.
Explosões na órbita terrestre, por sua vez, liberam ainda mais resíduos no espaço e tornam próximas viagens ainda mais difíceis, exigindo ainda mais dos órgãos responsáveis pelo rastreio de lixo espacial. Por consequência, as chances de colisões de novos lançamentos são ainda maiores e, quando ocorrem, liberam ainda mais detritos espaciais, resultando em um “efeito cascata”.
Outro fator que agrava essa condição do espaço é a abertura das missões espaciais para o mercado privado — mais especificamente, o crescimento exponencial dessa modalidade. Cientistas se preocupam com a intensa movimentação no espaço e sob possíveis descumprimentos às normas de segurança para minimizar a produção de resíduos espaciais.
Portanto, supervisão desses detritos recebe elevada importância, exigindo minuciosos cálculos para previsão de eventos no espaço. Exemplo disso foi o satélite russo e o foguete chinês em outubro deste ano. Ambos os objetos foram observados e havia 20% de chance de colisão, o que geraria uma volumosa nuvem de destroços na órbita, mas felizmente eles cruzaram o caminho um do outro em segurança.
Reciclagem espacial
Das medidas adotadas para controlar a produção de lixo espacial, uma delas é o reaproveitamento de espaçonaves ou satélites já em órbita. Em fevereiro deste ano, a Northrop Grumman, companhia multinacional sediada nos Estados Unidos, iniciou a missão Mission Extension Vehicle 1 (MEV-1), cujo objetivo foi realizar a manutenção de um satélite de comunicação que navega pela órbita já há 18 anos, dando-o novas funções e estendendo sua vida útil.
“Para seguirmos aproveitando a ciência, a tecnologia e as informações que as operações espaciais proporcionam, é crucial que respeitemos as atuais normas de segurança que minimizam a produção de detritos espaciais no design das espaçonaves e missões”, comentou Tim Florer, líder do Centro de Detritos Espaciais na ESA.