Educativa MS
Com investimentos de R$ 450 mil do Governo do Estado, por meio do programa Retomada MS, a Igreja da Comunidade Tia Eva vai ser reformada. O Projeto de Restauração da Igreja da comunidade (localizada em Campo Grande) e Requalificação do seu Entorno Imediato foram apresentados à comunidade na manhã desta sexta-feira (16).
Resultado da parceria entre Estado e Município, o projeto teve a participação direta da comunidade, dos órgãos de preservação da Sectur/PMCG e da FCMS, além dos Conselhos de Patrimônio Cultural.
Durante a solenidade de entrega, o secretário adjunto da Secretaria Estadual de Cidadania e Cultura (Secic), Eduardo Romero, disse que as políticas públicas têm que ser feitas com a participação da comunidade. “Esta é a celebração da história de uma comunidade. O projeto que está sendo entregue é para transformar vidas e realidades”, disse Romero, destacando a importância do local que atrai pessoas para conhecer a história, de uma comunidade quilombola, de um povo que se organiza e transforma sua realidade. E a comunidade, segundo o secretário adjunto da Secic, encampou a ideia, acreditou e participou. A reforma da igreja, proposta pelo Governo do Estado, vai fomentar outros movimentos na comunidade, aumentar o número de visitantes, e melhorar o desenvolvimento com as festas típicas, com o artesanato. “Trata-se de uma comunidade quilombola em contexto urbano que se funde com a história da Capital e do Estado”, conclui.
Bisneta de Tia Eva, Adair Jerônima da Silva afirma que a reforma da Igreja, com o novo projeto entregue, vai trazer mais força para a comunidade: “a gente está sendo bem visto aqui. Estão olhando para nós”.
O presidente da Associação dos Descendentes da Tia Eva, Ronaldo Jefferson da Silva, concorda: “este projeto é um sonho da comunidade, que é muito festiva. O projeto vem ao encontro de nossas necessidades, ficou do jeito que a gente queria. Vai agregar mais valor às festividades. A Igreja é a nossa casa, é o xodó da comunidade.
A escolha da Igreja de São Benedito para receber um projeto de restauro se deu pela sua relevância cultural, evidenciada pelos tombamentos estadual e municipal, bem como de seu atual estado de conservação. Além de ser uma forma de garantia da permanência dos espaços necessários para as manifestações das tradições afro-brasileiras em Mato Grosso do Sul e dos ritos de fé que envolvem a centenária Festa de São Benedito.
O projeto apresentado foi pautado em eixos determinados ainda na primeira etapa de trabalho e que somaram ao objetivo direto de restauração da Igreja e de valorização de sua imagem enquanto objeto central do Centro Cultural Tia Eva. O eixo religioso é o que mais se destaca: trata-se de uma Igreja em homenagem a um santo de devoção, São Benedito, de cunho cristão, templo onde são realizadas novenas semanais e tem papel importante nas manifestações ligadas a centenária Festa de São Benedito.
A Educação patrimonial poderá ser realizada também com a interpretação do patrimônio por meio de placas informativas em pontos estratégicos para que o visitante possa conhecer a história do local e de seus personagens. O eixo do lazer se apresenta por meio da proposta de criação de uma pequena praça que integra a Igreja de São Benedito e o seu entorno. A proposta cria o “canto do sagrado” que abriga o Busto da Tia Eva e o Cruzeiro, como um convite e recepção ao Centro Cultural; a Praça Cultural com áreas sombreadas, bancos e espaços para feiras e manifestações culturais, como rodas de capoeira; escadarias que podem ser utilizadas como pequenas arquibancadas; instalação do novo campanário, como forma de evidenciar o sino já existente; Acessibilidade; Iluminação e Paisagismo afetivo, com a presença de Arruda, Espada de São Jorge e destaque para o pé de Mangueira.
A igreja da Comunidade Tia Eva foi fundada pela ex-escravizada Eva Maria de Jesus, em 1919, como promessa após ser curada de uma grave doença. Em 26 de abril de 2008, a Fundação Cultural Palmares concedeu a Certidão de Autodefinição como Comunidade Remanescente de Quilombos aos descendentes de Tia Eva que abrigam o local desde 1905. Em 1996, a igreja foi tombada pelo município. No dia 5 de maio de 1998, a Igrejinha de São Benedito recebeu o tombamento definitivo como parte do Patrimônio Histórico de Mato Grosso do Sul.