Por Rafaela Moreira
As obras para implantação do Corredor Sudoeste e a primeira via do Corredor Norte do transporte coletivo em Campo Grande devem ser finalizadas apenas no ano que vem, mesmo após quase uma década.
O atraso é referente à Avenida Bandeirantes e à Rua Brilhante, que estavam praticamente prontas e que deveriam ser entregues neste semestre.
Conforme o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Rudi Fiorese, por conta do agravamento da pandemia e do aumento nos preços dos materiais de construção civil, o cronograma de entrega pode atrasar.
“A Covid-19 impactou em diversos setores, alguns insumos essenciais subiram muito, como o da estrutura metálica, muitas empresas estão passando por dificuldades e reavaliando se querem continuar tocando a obra. Se tivermos de fazer novas licitações, com certeza a entrega não será neste ano”, disse.
O projeto estava previsto desde 2007, porém os recursos foram aprovados em 2011, na gestão de Nelson Trad Filho – era para ser uma das obras para a candidatura de Campo Grande à sede da Copa do Mundo de 2014 –, mas só em 2016, no gerenciamento de Alcides Bernal, a intervenção passou a ser realizada, só que pelo Exército, por meio de convênio que posteriormente, em 2018, foi rompido e assumido por empreiteiras.
As obras fazem parte de um conjunto de reestruturação do transporte público da Capital e têm como objetivo melhorar a velocidade média dos ônibus, diminuindo o tempo das viagens.
O Corredor Sudoeste conta com três braços, sendo os trechos das ruas Guia Lopes e Brilhante e Avenida Bandeirantes. Em algumas dessas vias já houve a instalação de sinalização.
A obra na Avenida Marechal Deodoro faz parte do último trecho e está em fase de execução e fará a ligação do terminal Aero Rancho ao centro da cidade, passando pelo Terminal Bandeirantes.
De acordo com o diretor-presidente da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Janine Bruno, sem data definida para entrega, os motoristas também ganham mais “prazo” para estacionarem em locais inadequados.
Isso porque as multas só serão cobradas quando os corredores estiverem ativados.
“Essa obra tem como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas, apenas os ônibus poderão andar na faixa especial, com isso fica proibido estacionar e os motoristas podem ser multados, a partir do momento em que o corredor estiver ativado”, destacou.
Contrato
Em 2011, a Prefeitura de Campo Grande conseguiu R$ 180 milhões, pactuados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Urbana, para melhorar o transporte coletivo da Capital.
Desse valor, R$ 20 milhões foram assegurados para construir cinco terminais; R$ 110 milhões para construção de 68,4 quilômetros de corredores de transporte coletivo; R$ 4,5 milhões para modernização do sistema de controle eletrônico; R$ 40,3 milhões para intervenções viárias; e R$ 6 milhões para estações de pré-embarque.
O titular da Agetran ainda reitera que além de tornar a viagem mais rápida, os corredores vão impactar até mesmo na quilometragem dos ônibus, sendo um dos fatores que encarecem a tarifa do transporte público.
Polêmicos, corredores devem reduzir 20% do tempo de ônibus
Os corredores de transporte estão previstos no Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana, o investimento corresponde à implantação de quase 69 quilômetros e vai reduzir em até 20% o tempo de viagem dos ônibus.
A redução do tempo de viagem será possível porque a velocidade média dos ônibus aumentará de 16 para 25 quilômetros por hora. Os ônibus vão circular em faixa exclusiva e terão trânsito livre, com semáforos funcionando de forma sincronizada nos cruzamentos.
Conforme a Agetran, a Avenida Bandeirantes terá sete estações nas esquinas com as ruas Campinas, Hermenegildo Pereira, Bélgica, Tenente Antônio João de Figueiredo, Argemiro Fialho, Salgado Filho e 26 de Agosto.
Na Rua Brilhante serão três estações, nas esquinas com as ruas Ciríaco Maymone, Mario Quintanilha, Manoel Proença e Marechal Deodoro.
As estações maiores terão 15 assentos e as menores seis bancos, além de uma estrutura de concreto na qual os usuários também poderão se acomodar.
Já a Rua Bahia, que integra o Corredor Norte do transporte, terá quatro estações, nas esquinas com as ruas da Paz, Antônio Maria Coelho, Rua das Garças e Amazonas, facilitando o tempo de viagem entre o centro da cidade e os terminais General Osório e Nova Bahia.
As estações terão 10 metros de comprimento, com 2,5 metros de cobertura.
Neste ano, a Prefeitura de Campo Grande deu início às obras na Avenida Marechal Deodoro. Segundo a Sisep, a obra é prioridade e deve ser finalizada até janeiro de 2022.
A revitalização é feita a partir do Terminal Aero Rancho até a rotatória com as avenidas Bandeirantes e Manoel da Costa Lima. A obra terá 1,1 quilômetro de drenagem e 5,5 quilômetros de recapeamento.
As estações de pré-embarque serão implantadas entre as ruas Tabira e Visconde de Suassuna, entre a Avenida Panambi Verá e a Rua Guaraí, entre a Roney Paim Malheiros e Tenente Antônio João Ribeiro e entre as ruas Eduardo Contar e Túlio Alves Quito.
Em 2019, a Prefeitura de Campo Grande autorizou a contratação de empréstimos de R$ 91,3 milhões para bancar os outros corredores: Sul e Norte.
O Corredor Norte contemplará ruas como Bahia, 25 de Dezembro e Alegrete, além das avenidas Coronel Antonino e Cônsul Assaf Trad, e fará a ligação dos terminais General Osório e Nova Bahia.
O Corredor Sul abrangerá as avenidas Costa e Silva, Gury Marques e Calógeras e fará a conexão dos terminais Morenão e Guaicurus.
Polêmica
No caso do corredor Norte, comerciantes entraram na justiça para tentar barrar a obra, entretanto, esta semana, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, negou liminar que pedia a suspensão das obras de implantação dos corredores de ônibus na Rua Bahia e Avenida Coronel Antonino.