A atuação da Perícia Oficial de Mato Grosso do Sul tem sido um diferencial nas investigações de casos que têm ocorrido no estado e alguns têm tido inclusive, projeção na mídia nacional. Recentemente, graças ao trabalho da equipe da Polícia Civil e empenho dos Peritos Criminais, foi possível parar a perpetração de crimes de lesão corporal e maus tratos que crianças vinham sofrendo há meses em uma creche clandestina em Naviraí. Por meio do exame de local, gravações de vídeo e áudio entre outros indícios foi possível materializar os fatos criminosos a serem utilizados pelo judiciário.
O estabelecimento não tinha alvará e funcionava de forma improvisada em um salão comercial, com colchonetes esparramados pelo chão e mesmo assim os pais pagavam uma mensalidade para deixarem seus filhos, supostamente cuidados, enquanto trabalhavam.
O caso veio ao conhecimento da polícia, após denúncia de uma escola municipal onde estudava uma ex-aluna da creche clandestina, que passou a ter crises de ansiedade e choros constantes, provavelmente por ter presenciado cenas de violência cometidos contra bebês e outras crianças no estabelecimento investigado. Assim, a denúncia foi parar no Conselho Tutelar e levado à Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) do município.
Por meio de uma ordem judicial, foram instaladas câmeras no estabelecimento, sem o conhecimento da proprietária e da auxiliar. Desta forma, foi possível gravar cenas de maus tratos às crianças com menos de 2 anos.
A perita criminal Ana Paula Saraiva da Silva*, lotada em Naviraí, que atuou no caso, conta que assim que a polícia flagrou os maus-tratos pelas câmeras, interveio imediatamente para proteger as crianças. No local, segundo ela, o que chamou a atenção foram a presença de dois frascos de um medicamento contra náuseas, que também leva à sonolência. Um frasco estava lacrado e o outro estava com o conteúdo consumido, vestígios que foram coletados e encaminhados para análise.
Já a Perita Jéssica Menezes* foi a responsável pela degravação (transcrição) das imagens e sons das câmeras e pelo laudo de três celulares relacionados ao caso.
Vale ressaltar que todos os laudos elaborados pelas peritas já foram concluídos e encaminhados, o que demonstra o empenho dessas profissionais em um caso que chocou os Sul-mato-grossenses pela gravidade dos fatos cometidos contra crianças.
Todo o material coletado, agora vai ser analisado para estabelecer a dinâmica dos fatos e apurar o grau de envolvimento das duas mulheres nos crimes cometidos.
Para Sebstião Renato, presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses do MS (SINPOF/MS), o trabalho essencial realizado pela Perícia Oficial, que tem em seu quadro profissionais altamente qualificados, dá voz àqueles que não podem mais falar ou não tem condições de expressar as injustiças a que são submetidos.
*A perita criminal Ana Paula Saraiva da Silva é formada em Farmácia, com habilitação em Homeopatia, Pós-graduada em Saúde Pública e em Auditoria de Serviços de Saúde.
*Jéssica Menezes é graduada em Química.
Fonte: SINPOF/MS