Por Beatriz Magalhães
Em menos de um mês os funcionários da Santa Casa se mobilizam novamente devido ao atraso de salário. De acordo com o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul (Sintesaúde/MS), isso já está virando rotina.
Durante assembleia realizada pelo sindicato na manhã desta terça-feira (09), foi decidido a paralisação dos funcionários do Hospital Santa Casa de Campo Grande. O motivo é recorrente. Falta de pagamento.
Outra movimentação foi feita ainda em janeiro, quando os colaboradores cobraram o 13º salário, que estava em atraso.
Desta vez, cerca de 250 funcionários estão na frente do hospital e de braços cruzados, disseram que só voltam a trabalhar com o salário na conta.
“Essa mobilização tem como finalidade receber o pagamento de janeiro, que está atrasado. Eles [hospital] prometeram que fariam o pagamento ontem. Nós, conversando com os trabalhadores, mesmo estando em atraso, seguramos até ontem, porém, como não saiu o pagamento e ninguém nos deu nenhuma satisfação, nos mobilizamos hoje, conforme decisão em assembleia que aconteceu agora há pouco. Vamos ficar com braços cruzados até que saia esse pagamento”, afirma Gussi.
“Aqui na santa casa isso está virando rotina. Uma hora propõe o pagamento parcelado, outra hora vem dizendo que a secretaria não repassou recurso e o trabalhador só quer receber o pagamento”, pontua o presidente.
DE OUTRAS ÉPOCAS
O atraso no salário dos funcionários de um dos maiores hospitais de Mato Grosso do Sul é um problema recorrente. Ainda em janeiro a Secretaria de Estado de Saúde cobrou a Santa Casa de Campo Grande no cumprimento do acordo realizado para pagamento dos salários.
No dia 11 do mesmo mês os médicos anunciaram greve em razão do atraso do pagamento da folha de janeiro.
Na época, o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende disse ter sido pego de surpresa com a informação sobre a greve.
Em uma reportagem publicada em setembro do ano passado, o Correio do Estado detalhou a saúde financeira do Hospital.
Na época, O balanço demonstrou que sob a gestão do ex-presidente Esacheu Nascimento, que deixou a instituição em março de 2020, a Santa Casa conseguiu dobrar o deficit de R$ 37,5 milhões em 2018 para R$ 62,6 milhões em dezembro do ano passado.
Em 2018 o Ministério Público do Trabalho bloqueou R$ 6,3 milhões da Santa Casa e o motivo sempre foi o mesmo, inadimplência com os funcionários.
Quanto ao endividamento, em 2013 ele tinha o nível 1,92, e em 2019, com Esacheu na presidência, foi para 4,49.
PANDEMIA
O momento crítico em que o país vive tem sido uma preocupação ainda mais relevante durante as manifestações. Mato Grosso do Sul tem números significativos de infecção e internações da Covid-19.
O Hospital Santa Casa de Campo Grande atende os pacientes infectados pelo Coronavírus e, de acordo com o Sindicato, a assistência aos pacientes não está sendo prejudicada. “Tivemos o cuidado de continuar com o atendimento aos pacientes. Existem mais pessoas na rede de atendimento do que aqui, na paralisação”, informa Osmar Gussi.
A reportagem entrou em contato com o Hospital Santa Casa de Campo Grande que, até a publicação deste material, não se posicionou.