O arcebispo metropolitano de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, detonou os críticos do tema da Campanha da Fraternidade 2023, que aborda a fome pela 3ª vez em 61 anos. Na missa de abertura da campanha, realizada na manhã deste domingo (26) no Ginásio Poliesportivo Dom Bosco, o religioso condenou o “cisma” no interior da Igreja Católica.
Realizada no Brasil desde 1962 durante a Quaresma, o período de 40 dias que antecede a Páscoa, a Campanha da Fraternidade deste ano aborda a fome, porque o problema voltou a assombrar o brasileiro. De acordo com pesquisa, Mato Grosso do Sul tem 266,8 mil famintos.
Com o objetivo de sensibilizar a população e arrecadar alimentos, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) definiu pelo tema “Fraternidade e Fome”. O problema foi assunto das campanhas em 1975 e 1985. No entanto, neste ano, alguns bolsonaristas passaram a atacar campanha porque a igreja estariam aderindo ao comunismo.
“Estava preocupado com esta celebração, porque a igreja tem sido muito atacado, o Concílio do Vaticano II, a CNBB, atacam a campanha da Fraternidade, os padres e o Papa Francisco”, lamentou Dom Dimas, sem citar nominalmente a extrema-direita. Ele afirmou que ficou aliviado ao ver a participação de milhares na celebração deste domingo.
“O pecado que mais chega é o pecado do cisma”, ressaltou o líder católico, sobre a divisão na Igreja Católica. “Hoje, pessoas que dizem católicas, até padres e um ou outro bispo, levantam a voz contra a igreja”, lamentou.
Sobre a Campanha da Fraternidade, Dom Dimas destacou que o tema é definido durante encontro de 10 dias de muita oração e pedido de inspiração do Espírito de todos os bispos brasileiros. “Quando nada disso tem valor, o que nos resta? O que sobre da nossa identidade católica? Só a bíblia? Viramos protestantes de vez?”, questionou-se, ponderando que não estava querendo criticar os evangélicos.
“Louvo a Deus pela presença de vocês”, ressaltou o religioso, sobre a participação na celebração de hoje no Ginásio Dom Bosco. Ele elogiou todos que trabalham na evangelização do amor. “Vamos mostrar a beleza da nossa igreja para aqueles que nos atacam”, aconselhou.
E em outra crítica, usou a leitura do dia para destacar que o homem não pode ser igual a Deus, mas criatura divina. E defendeu a opção da Igreja Católica pelos pobres. Conforme Dom Dimas, ao seguir o exemplo de Jesus, de optar pelos mais vulneráveis, não significa que a igreja não deve evangelizar para os empresários e os ricos. Ele lembrou que tentou criar a Associação Católica de Empresários e até participou de encontro na Capital.
“A opção preferencial pelos pobres é inerente ao evangelho”, defendeu. Dom Dimas citou projetos realizados pelas paróquias da Capital, como a de distribuir almoço para 600 pessoas aos sábados e de doar comida aos moradores de rua. O religioso defendeu que as comunidades divulguem os projetos para mostrar o que a Igreja Católica vem realizando pelos mais vulneráveis em Campo Grande.
Durante a campanha deste ano, a igreja também vai arrecadar alimentos para doar às famílias e realizar projetos para se fazer mais presente nas favelas da Capital.
Por Edivaldo Bitencourt