Bilionário já se meteu em disputas legais e se enfiou em polêmicas por causa das declarações feitas na rede social
Nesta segunda, 4, Elon Musk se tornou o maior acionista do Twitter, com 9,2% das ações da empresa. A aquisição, no entanto, parece ser mais um movimento com motivações pessoais do que ser uma jogada de investidor: o executivo acredita que a plataforma censura discursos e limita a liberdade de expressão.
Embora descontente, o executivo é conhecido por ser um falastrão na rede social. No Twitter, onde tem 80 milhões de seguidores, ele costuma atacar rivais e balançar o mercado financeiro, o que já o levou a uma disputa com a SEC, órgão regulador dos EUA.
Relembre abaixo as situações nas quais Musk falou muito no Twitter.
O “Hitler” canadense
Em fevereiro deste ano, o bilionário comparou o premiê canadense Justin Trudeau a Adolf Hitler. O episódio aconteceu após Trudeau ativar leis de emergência para garantir a vacinação contra a covid-19. Trudeau queria cortar os fundos de manifestantes antivacina que bloqueavam as fronteiras do Canadá e garantir a reabertura do território. O bilionário então tuitou um meme no qual Hitler aparecia dizendo: “Pare de me comparar com Trudeau. Eu tinha orçamento”.
Negacionista?
Com relação à vacinação, Musk postou diferentes mensagens que colocavam em dúvida seu apoio aos imunizantes da covid-19. Em dezembro do ano passado, ele postou um meme que comparava membros do movimento antivacina com pessoas a favor da vacina. Em março do ano passado, ele também colocou em dúvida a necessidade da segunda dose.
No começo da pandemia, ele colocou em dúvida as medidas sanitárias necessárias para combater o avanço do vírus. Em março de 2020, ele chegou a postar que o “pânico” em relação ao coronavírus era “burrice”.
Fechar o capital da Tesla
Em 2018, o CEO da Tesla afirmou em seu Twitter que fecharia o capital da empresa nos EUA, pagando US$ 420 – muitos consideraram a escolha do número como uma referência velada à cultura canábica. A brincadeira resultou em um processo pela Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado financeiro nos EUA.
As partes chegaram a um acordo que dizia que qualquer informação sobre a Tesla, incluindo posts no Twitter, deveriam ser pré-aprovados pelo departamento jurídico da companhia – a lista de assuntos proibidos é grande. O executivo e a empresa ainda tiveram que pagar uma multa de US$ 40 milhões.
Em 2020, Musk violou duas vezes o acordo. Segundo o jornal Wall Street Journal, entre 2019 e 2020, o executivo não obteve autorização dos advogados da Tesla para postar sobre a produção de painéis solares da Tesla e sobre o preço das ações da empresa – uma carta da SEC para a Tesla enviada em maio de 2020 dizia que a “empresa falhou em cumprir o acordo firmado pelas partes”.
Em março deste ano, Musk fez um apelo na Justiça dos EUA, afirmando que o acordo violava sua liberdade de expressão. A SEC rebateu, dizendo que, enquanto Musk publicar informações para investidores, a agência pode investigar assuntos relacionados à Tesla.
O mergulhador ‘pedófilo’
Ainda em 2018, Musk chamou de “pedófilo” um dos mergulhadores que ajudou no resgate de crianças presas em uma caverna na Tailândia. A disputa começou quando Musk afirmou que desenvolveria um equipamento para salvar as crianças.
A equipe de resgate afirmou que o “mini-submarino” não era pequeno o suficiente para passar pelo buraco da caverna, descartando seu uso. Contrariado, Musk afirmou que nunca havia visto uma “equipe de resgate britânica que vive na Tailândia”. Ele disse também que o equipamento era perfeitamente desenvolvido e, no final, chamou o mergulhador Vern Unsworth de “pedófilo”.
Unsworth processou o bilionário por difamação, que se defendeu afirmando que sua opinião não era passível de processo – disse também que as coisas que dizia não deveriam ser “levadas tão a sério” pela Justiça. Além disso, Musk se desculpou com o mergulhado no Twitter, dizendo ter agido com raiva.
O processo, porém, seguiu adiante e o juiz do caso afirmou que não apenas Musk insultou Unsworth, mas que também agiu como se suas afirmações fossem verdadeiras. No final de abril de 2019, Musk e Unsworth chegaram a um acordo.
O foguete de Jeff Bezos
Em 2021, Musk, que é presidente da empresa de exploração espacial SpaceX, afirmou que o foguete de Jeff Bezos “não sobe”. Após a SpaceX ganhar um contrato da Nasa para construir a nave que irá à Lua, a Blue Origin, empresa de Jeff Bezos, entrou com um recurso para tentar tomar o lugar da rival. Em resposta a um tuíte com a notícia, Musk respondeu: “Não sobe mais (à órbita)”.
Por Rafael Nunes