17 mil novos casos são estimados para 2022 no Brasil
Em março, celebramos o Dia Internacional da Mulher e essa data é mais uma oportunidade de reflexão sobre a luta pelos direitos sociais de todas. O período, também denominado Março Lilás, coloca em evidência o câncer do colo do útero e, especialmente, a necessidade de fortalecer as ações de prevenção e controle da doença no Brasil.
O câncer do colo do útero é prevenível e, se diagnosticado precocemente e tratado de forma adequada, curável. Mas, ainda assim, representa o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina mundial. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer, é o tumor mais incidente na Região Norte, o segundo no Nordeste e no Centro-Oeste, ocupa a quarta posição no Sul e, no Sudeste, a quinta. Anualmente, mais de 6.500 mulheres perdem a vida para a doença no País.
O câncer do colo do útero é considerado problema de saúde pública e a abordagem integral da doença tanto é possível que a Organização Mundial da Saúde lançou uma estratégia para eliminá-lo. São 194 países signatários, entre eles o Brasil, que se comprometeram na Assembleia Mundial da Saúde 2020 a cumprir algumas metas até 2030. Os objetivos englobam a cobertura da vacinação de pelo menos 90% contra o Papilomavírus humano (HPV) da população-alvo (meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14), a realização de exames de rastreamento em todas as mulheres de 25 a 64 anos e o tratamento das brasileiras diagnosticadas com lesões precursoras ou malignas.
Nas últimas décadas, o Ministério da Saúde já vem implementando políticas fundamentais para o controle desse tipo de câncer no SUS, em especial na Atenção Primária à Saúde (APS). O Ministério e o INCA reforçam que o aprimoramento constante de todos os níveis de cuidado, e das ações dos entes envolvidos, é essencial para garantir a linha de cuidado integral para todas as mulheres.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde revelam que a abrangência do rastreamento da doença nas mulheres, na faixa etária e periodicidade recomendadas, é alta e vem se mantendo perto de 80%. Mas ainda há muito a ser feito. É primordial que a população feminina seja mais bem informada sobre a doença e que as equipes de saúde estejam preparadas para recebê-las. As estratégias de comunicação e a capacitação dos profissionais multidisciplinares que atuam na APS são fundamentais nas primeiras etapas do atendimento.
Se encontrada uma lesão suspeita, é importantíssimo que essa mulher seja encaminhada, imediatamente, para os exames de confirmação diagnóstica. Uma vez detectado o câncer do colo do útero, é necessário o rápido encaminhamento para a atenção especializada em unidades habilitadas para o atendimento oncológico. Essa conduta salva vidas.
Com aproximadamente 17 mil novos casos estimados para 2022, esse câncer é ainda um desafio na agenda de saúde do Brasil. É inadiável colocar como prioridade a organização e a integração das ações especializadas, alinhadas com a mobilização da sociedade, em todo o território nacional, levando em consideração as barreiras geográficas, de infraestrutura, socioeconômicas e culturais. Para o Dia Mundial para a Prevenção do Câncer do Colo do Útero, comemorado neste dia 26, precisamos não só refletir, mas unir forças para superar esse desafio.
Por Liz Almeida, Arn Migowski e Ana Cristina Pinho