Num conflito entre gente comum e poderosos, história criada por Rob William traz à cena uma escolha inesperada por trás de um sequestro
Até o oitavo episódio de Suspicion, que está no ar no Apple TV+, com novos capítulos todas as sextas, não dá para saber bem o que está acontecendo. A série sobre cinco pessoas comuns acusadas de sequestrar o filho de Elizabeth Newman (Uma Thurman), a dona de uma poderosa empresa de relações públicas, investe pesado nos segredos – até demais. “Nós também não sabíamos tudo”, disse em mesa-redonda com a participação do Estadão Kunal Nayyar, o doce Raj de The Big Bang Theory, aqui irreconhecível como Aadesh Chopra, um vendedor de carpetes com aspirações maiores. “Mas não saber ajudou na interpretação. Somente quando eu assisti a todos os episódios fui me lembrando de tudo o que acontece na série.”
Chopra aparentemente estava no lugar errado na hora errada – no hotel em Nova York onde Leo Newman (Gerran Howell) foi sequestrado por pessoas usando máscaras de membros da família real britânica. Além dele, outros quatro britânicos são suspeitos: Natalie Thompson (Georgina Campbell), que trabalha em um banco de investimentos, a professora universitária Tara McAllister (Elizabeth Henstridge), o estudante Walker (Tom Rhys Harries) e o matador profissional e/ou terrorista Sean Tilson (Elyes Gabel). Todos têm segredos a esconder, que podem ou não estar relacionados ao crime.
A policial britânica Vanessa Okoye (Angel Coulby) divide a investigação com o agente do FBI Scott Anderson (Noah Emmerich). “A série fala bastante sobre as diferenças. Ele é um americano insolente, agressivo. Ela é mais sutil. Então há um conflito”, disse Emmerich. Anderson claramente não respeita Okoye, que é mulher e negra. “Certamente, ele não é progressista, pois a cultura da polícia, em geral, é menos progressista do que o restante da cultura americana”, afirmou o ator.
A série sobre investigação criada por Rob Williams tenta colocar em questão algumas pautas da sociedade moderna. Os sequestradores não pedem dinheiro, mas sim que Katherine Newman diga a verdade, o que desperta um movimento mundial nas redes sociais e nas ruas. “Com certeza, há um elemento das pessoas comuns contra os poderosos”, diz Nayyar. “Por isso querem que ela diga a verdade. E também o tema do poder das redes sociais, de como um viral pode mudar sua vida da noite para o dia.”
Por Mariane Morisawa