Extradição de Allan dos Santo foi determinada pelo STF há 2 meses, mas ele ainda não foi localizado. PF apura suposta tentativa no Ministério da Justiça de obstruir cumprimento da ordem.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, negou nesta quarta-feira (8) em uma rede social que tenha havido “pressão” na pasta com o objetivo de tentar barrar o processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
Em outubro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a extradição de Allan dos Santos. No entanto, ele ainda não foi localizado. O blogueiro estava nos Estados Unidos.
A Polícia Federal apura se houve tentativa de integrantes do Ministério da Justiça de obstruir o cumprimento da ordem de extradição. A PF reuniu depoimentos segundo os quais o secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, buscou informações sobre a ordem extradição e tentou criar uma instância para análise desse tipo de pedido que até então não existia.
A Polícia Federal afirma, contudo, que o cargo de Santini não tinha relação direta com esses pedidos de extradição, de acordo com a hierarquia do Ministério da Justiça, e que ele solicitou uma modificação no fluxo desse tipo de processo a fim de incluir a Secretaria Nacional de Justiça.
Demissão de delegada
Ainda na rede social, o ministro Anderson Torres afirmou nesta quarta-feira que a delegada Silvia Amélia Fonseca de Oliveira foi demitida do cargo de diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional por ter “faltado com a verdade” sobre o caso.
O departamento faz parte da estrutura do Ministério da Justiça e é a instância na qual tramita o processo de extradição de Allan dos Santos.
“A principal causa da exoneração da chefe da DRCI foi ela ter faltado com a verdade, e, informado somente em 4/11, que o processo já havia saído do MJSP em 19/10. Até o momento, a Interpol não incluiu Allan dos Santos na lista de difusão vermelha”, afirmou o ministro da Justiça.
Allan dos Santos
Allan dos Santos é um dos aliados mais próximos da família do presidente Jair Bolsonaro. Ele é investigado no Supremo em dois inquéritos:
- o que apura a divulgação de fake news e ataques a integrantes da Corte;
- o que identificou a atuação de uma milícia digital que trabalha contra a democracia e as instituições.
Após ter sido alvo de operações, Allan dos Santos deixou o Brasil e entrou nos Estados Unidos em 12 de agosto de 2020, com permissão para permanecer até 11 de fevereiro de 2021.
Por Wellington Hanna