Legenda com apenas um deputado estadual deverá ter a segunda maior bancada da Assembleia
A filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Partido Liberal (PL) nesta terça-feira pode mais que dobrar o número de partidários com mandato e filiados em Mato Grosso do Sul.
É no que acredita Filinto Gomes de Abreu, presidente estadual do partido. O PL tem hoje, segundo ele, de 10 a 15 vereadores, um prefeito (Nova Andradina), um vice-prefeito (Dourados), um deputado estadual e 13 mil filiados.
Só na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems), o partido passará a ter, em breve, a segunda maior bancada da Casa com o MDB, com três deputados estaduais cada.
Além de João Henrique Catan, Coronel David (sem partido) e Capitão Contar (PSL) devem migrar para a legenda. A maior bancada do Legislativo estadual é a do PSDB, com cinco deputados.
Mas, para Abreu, tais números devem ser “ampliados, e logo”.
“[O PL] vai crescer muito, todos os bolsonaristas devem vir. Agora vamos pensar grande, já trabalhamos várias possibilidades”, disse o presidente provisório do PL, como um aceno já às eleições estaduais do ano que vem, que elegem governador, deputados federais e estaduais e uma vaga para o Senado, no lugar de Simone Tebet, do MDB, cujo mandato expira em janeiro de 2023.
Na Alems, entre os 24 deputados, apenas um integra o PL, João Henrique Catan. Outros dois bolsonaristas devem seguir o rumo político do presidente: Coronel David (sem partido) e Capitão Contar (PSL).
Segundo Filindo de Abreu, a sigla tem comandos provisórios em 34 dos 79 municípios sul-mato-grossenses.
Questionado sobre eventual preferência por pré-candidatos ao governo de MS, se do PSD, do PSDB ou do MDB, Abreu despistou: “Eu, um soldado de Bolsonaro, já tenho minha escolha, mas não vou revelar”.
“Nosso partido vai seguir a orientação do presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, é o que posso dizer”.
O PL integra o chamado Centrão e sua bancada é uma das maiores no Congresso Nacional. A sigla não tem uma posição ideológica definida.
CATAN
Único deputado estadual do PL no momento, João Henrique Catan foi a Brasília acompanhar o ato de filiação de Jair Bolsonaro e falou com o Correio do Estado.
“A expectativa é de aumento da bancada do PL, tanto na Assembleia de MS como na Câmara. Um projeto do governo ao PL, e o partido começa a tomar centro de algumas das decisões importantes em nível de Brasil”, disse o parlamentar.
O deputado Catan afirmou que “o presidente Bolsonaro tem uma visão muito focada para MS, uma vez que ele tem investido muito no agro e nosso Estado tem esta força motriz, o agronegócio em suas raízes”.
“Então, naturalmente, dentro de MS, o crescimento, a importância do PL será grande em relação aos demais partidos”.
“No retorno de Brasília, vamos nos reunir com nossas bases do partido, com as pessoas que querem participar deste processo de enfrentamento político que será a campanha de 2022. Queremos expandir o PL para o interior, trazendo pessoas de bem”, afirmou.
DAVID E CONTAR
O PL já é o destino confirmado do deputado estadual Coronel David, atualmente sem partido.
“Sempre disse que acompanharia o presidente. Sigo firme no meu apoio incondicional a ele. Estaremos juntos no PL, buscando a reeleição de Bolsonaro e uma bancada forte de deputados e de senadores”, afirmou David.
O deputado fala até mesmo em uma possível filiação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, atualmente no DEM (futuro União Brasil). Ela pode ir para o PL ou para outro partido da base de apoio, como o PP.
Se o União Brasil não se opuser a Bolsonaro, ela até pode não mudar de partido. “Estive com a ministra Tereza Cristina na semana passada. Estávamos aguardando a filiação do presidente para iniciarmos uma estratégia de formação de uma rede de partidos que vão dar sustentação ao projeto de reeleição do presidente”, disse David.
Capitão Contar também é presença confirmada no PL: “Irei! Se o União Brasil se consolidar, essa janela pode acontecer antes. Estou de malas prontas para desembarcar no PL”, afirmou Contar.
O deputado federal Luiz Ovando (PSL) ainda analisa se muda de partido ou se permanece no União Brasil.
Por Celso Bejarano, Izabela Cavalcanti