Da Redação
Potencializado pela crise sanitária, a doação de leite materno é um dos setores essenciais de sobrevivência humana mais atingido pela Covid-19. Em Campo Grande, a unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal da Maternidade Cândido Mariano consegue suprir apenas 33,3% de sua demanda atual.
De acordo com a nutricionista Vanessa Torres, atualmente são necessários 9,2 litros de leite materno por dia para alimentar os 36 bebês internados na maternidade. Em contrapartida, a instituição consegue captar e pasteurizar apenas cerca de 3 a 5 litros diariamente.
“Estamos com 65 doadoras, e hoje só estou atendendo 12 recém-nascidos com leite humano pasteurizado, sendo 1,5 litro por horário. A doação ainda é baixa, e eu não consigo atender toda a unidade neonatal, não conseguimos suprir a demanda nem da metade”, reiterou Torres.
Conforme a nutricionista, o estoque do banco de leite da instituição é suficiente apenas até hoje. Vanessa relatou ao Correio do Estado que com a proximidade do frio, há risco das doações diminuírem cada vez mais.
Segundo a coordenadora da UTI neonatal da Maternidade Cândido Mariano, Maria Claudia Rossetti, a diminuição das doações resulta em maiores complementações com fórmulas industrializadas para os recém-nascidos. Cada doação de leite materno é responsável por alimentar até 10 crianças.
“Antigamente, eu conseguia fornecer em média 30 ml de leite humano para o bebê. Hoje em dia, a partir de 20 ml. Eu já tenho que complementar com fórmula em razão das quedas nas doações”, reiterou Rossetti.
Riscos de contágio
Até o presente momento, o novo coronavírus não foi encontrado em amostras de leite humano. Por essa razão, as doações de leite continuam necessárias para suprir os bebês prematuros.
Estudos divulgados em abril apontaram que, após receberem doses contra o coronavírus, mulheres que amamentam produzem leite com anticorpos contra o novo coronavírus.
Os pesquisadores do Massachusetts General Hospital (MGH), Brigham and Women’s Hospital e do Ragon Institute of MGH, MIT e Harvard compararam ainda anticorpos produzidos por mulheres infectadas e os induzidos pela vacinação, encontrando um número significativamente mais alto entre as imunizadas.
Para a infectologista e pediatra Ana Lúcia Lyrio a amamentação ininterrupta pode contribuir para que os bebês não desenvolvam quadros graves contra esta e outras doenças após o nascimento.
Lyrio reiterou que apenas vacinas com o vírus inativo, como a Coronavac produzida pelo instituto Butantan em parceria com a Sinovac Biotech, são indicadas para gestantes, lactantes e puérperas.
“Os imunobiológicos com o vírus inativado são seguros e não são capazes de desenvolver a doença, apenas a produção de anticorpos”, salientou.
No fim de março, foi divulgada uma pesquisa com 131 mulheres em idade reprodutiva, entre elas gestantes e lactantes, que receberam as duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech ou da Moderna.
O monitoramento apontou a presença de anticorpos no sangue do cordão umbilical e no leite materno das participantes.
Outro levantamento, da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, veio a público em 30 de março. Os pesquisadores encontraram anticorpos nas lactantes contra o vírus após duas semanas da aplicação dos imunobiológicos contra o novo coronavírus.
Foi constatado ainda, que essa proteção contra o vírus durou pelo menos 80 dias – período em que a pesquisa durou.
Os pesquisadores sugerem que os anticorpos poderiam passar por meio da amamentação para os bebês, gerando algum tipo de proteção.
Revisado por pares, o estudo analisou um grupo de cinco mães. As voluntárias com filhos entre 1 mês e 2 anos, foram imunizadas com a vacina da Pfizer/BioNTech. (Com informações do Estadão).
Serviço: As mulheres que estão em fase de amamentação podem fazer a doação do leite materno das 7h às 11h e das 13h às 17h na Maternidade Cândido Mariano. Para mais informações é só entrar em contato pelo número (67) 3041-4735 ou 99830-9974.