Ricardo Campos Jr
Dados apurados por uma startup de Mato Grosso do Sul revelam que 2,1 mil pessoas escaparam por um triz de cair em golpes na Black Friday deste ano. Todas elas acessaram links de sites clonados. Se fossem até o fim para finalizar a compra de um produto, que na realidade sequer existia, poderiam ter dados roubados e perder quantias em dinheiro.
A pesquisa foi realizada pela Reduza, que todos os anos disponibiliza nesse período uma plataforma gratuita para que os internautas desmascarem promoções enganosas. A empresa também faz o monitoramento dos endereços duvidosos e compara valores de frete para auxiliar na tomada das melhores decisões.
O relatório foi divulgado com exclusividade ao Correio do Estado. Os dados apontam que várias pessoas acessaram e-commerce reais, mas os valores de apenas 29,63% das ofertas eram realmente menores em comparação com as tabelas originais dos produtos.
Por outro lado, outros 53,91% dos itens tinham etiquetas promocionais, mas os preços eram os mesmos das semas anteriores e 16,46% estavam mais caros do que de costume.
Alessandro Fontes, cofundador da Reduza disse à equipe de reportagem que a startup começa a checar os valores 90 dias antes da data para comparar com o dia D das promoções. Com relação ao frete, as lojas estavam cobrando em média R$ 56,69. Contudo, 37% das buscas tinham opção de entrega gratuita na casa dos clientes.
Em relação à Black Friday de 2019, a quantidade de promoções reais monitoradas pela Reduza aumentou, já que ano passado 19,72% dos produtos realmente estavam mais baratos. Além disso, a empresa também descobriu 33,93% ou 13.290 ofertas tinham opções de entrega gratuita.
A quantidade de consumidores que acessou sites clonados, mas não chegou a cair em golpes foi praticamente a mesma.
QUEBRA DE PARADIGMAS
O dia de descontos foi importado dos Estados Unidos. As lojas norte-americanas aproveitam a sexta-feira após a quinta de ação de graças para oferecer promoções aos clientes, que vão às compras na emenda do feriado.
Há alguns anos o costume começou a tomar conta do Brasil, e aos poucos já vai ganhando características próprias. Algumas lojas oferecem promoções durante todo o mês de novembro.
Alessandro trabalha no monitoramento de fraudes há alguns anos e afirma que tem notado mudanças de comportamento dos envolvidos no processo.
“Há um amadurecimento tanto por parte das lojas como por parte dos consumidores. Hoje, por exemplo, os clientes já entendem que não são todos os produtos que entram em promoção, mas apenas o que são selecionados. Por outro lado, as lojas que carregavam o apelido de black fraude ou metade do dobro desde os primeiros eventos entenderam que o consumidor é mais esperto e faz muito mais sentido abandonar essa postura para ganhar em resultados”, explica.
Segundo ele, a black Friday é a segunda data com mais vendas via e-commerce, perdendo apenas para o Natal. “Então quanto mais tivermos uma data em que os consumidores confiem na ação, mas vendas teremos”, diz. .
Alessandro acrescente que tem notado que as lojas estão cada vez mais usando a data de uma forma inteligente e honesta. “O e-commerce também cresceu muito esse ano. por conta da pandemia, novos consumidores chegaram e a maioria veio para ficar e são pessoas geralmente mais simples. E com isso há uma necessidade de simplificar o processo de compra, que no todo é confuso”, completa.