Da Redação Correio do Estado
Sem ter lançado candidato como cabeça de chapa, o PSDB mira em um objetivo: reeleger o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), para mais uma gestão. O apoio também não implica em participação, caso seja eleito, na futura administração. Durante os entendimentos para fechar aliança, isso não foi colocado na mesa, e sim que Trad auxilie para eleger candidatos tucanos à Câmara Municipal.
“O que nos interessa é a vitória do Marquinhos, que é o nosso candidato, nosso aliado. Vamos tentar devolver para ele, o que ele nos fez em 2018”, afirma o coordenador geral da campanha dos 44 postulantes ao mandato de vereador, Carlos Alberto de Assis, ex-secretário de Estado de Administração. Assim como o partido, a chapa de vereadores está unida nesse compromisso.
Até a oficialização da aliança, muitas foram as discussões sobre se o PSDB lançaria candidato ou não a prefeito. Falou-se, inclusive, da deputada federal Rose Modesto e do seu colega na Câmara Federal Beto Pereira, do vereador João Rocha e do próprio Carlos Alberto, que chegou a ser cotado também como vice. Hoje, em pleno auge da campanha eleitoral, o ninho está vivendo momentos mais calmos, com todos trabalhando pelo objetivo comum.
Ele explica o porquê dos tucanos não disputarem a majoritária: “Duas coisas foram muito fortes. Primeiro, o compromisso e a palavra do governador (Reinaldo Azambuja) em retribuir ao prefeito Marquinhos o apoio que recebeu em 2018, isso foi muito forte, e o governador manteve o tempo todo esse compromisso. Democrata que é, o governador Reinaldo nunca obrigou o partido a fazer isso, que foi discutido dentro do partido. Chegamos a conclusão, também, de que é uma campanha muito cara. O partido que acabou de sair de uma eleição majoritária, a que foi para governo, abrangendo 79 municípios, ele tem de ter um fôlego também e ajudar aliados”.
Na opinião de Carlos Alberto Assis, política “é grupo”. Assim, segundo ele, “temos de respeitar aliado, como estamos fazendo em algumas cidades do Estado e Campo Grande foi uma das priorizadas para ajudar nossos aliados de 2018, isso depois de muito debate. Por que eu digo assim? Partido, o próprio nome já diz, é partido, não é unido, senão chamava unido. Têm vários segmentos, várias ideias, vários pensamentos dentro do partido. Houve uma grande discussão, mas prevaleceu a maioria, de não ter candidatura e declarar apoio ao prefeito Marquinhos”.
SEM BARGANHA
O coordenador da chapa de vereadores afirmou que no acordo para aliança não se conversou sobre espaço na futura administração, em caso de reeleição do prefeito. Ele explicou que, assim como Marcos Trad não pediu nada do governo (em 2018), o PSDB também não solicitou algo nesses termos. Carlos Alberto pondera, porém, que isso fica a critério do prefeito, se conquistar novo mandato, de aproveitar o quadro dos tucanos.
“O que nosso partido pediu foi que o prefeito nos ajude a eleger vereadores. Foi isso que ele [Marcos Trad] nos pediu, para auxiliar nas eleições passadas a eleger candidatos do PSD, e nós ajudamos”, disse. Vale ressaltar que os irmãos do prefeito foram eleitos: Nelson Trad conquistou uma das vagas de senador e Fabio Trad, uma cadeira de deputado federal. “Só posso dizer que o PSDB tem bons quadros, mas na formação da aliança não houve compromisso”.
“PÉ NO CHÃO”
Como coordenador da chapa tucana de candidatos a vereador, Carlos Alberto tem opinião clara a respeito da campanha eleitoral em curso. “É uma campanha totalmente diferente”, afirma, “pois, além de não ter coligação na proporcional, tem a pandemia, que diminuiu o contato físico com as pessoas”. Segundo ele, “o brasileiro está acostumado a fazer campanha com grandes reuniões, aperto de mãos e abraços. Isso diminuiu”.
Com relação a essa situação, ele também fala sobre as mídias sociais. “Não é todo mundo que tem um celular para receber mensagem toda hora. Acho até que há exageros. Tem gente que vai perder voto com isso, se não dosar”. Carlos Alberto faz ainda outro alerta: “Todo mundo achou que a mídia social ia resolver a eleição. Não. A eleição é pé no chão, ir tomar cafezinho na casa, amassar barro, ainda é comer poeira. Não mudou, não mudou. Não tem cultura ainda para se fazer uma campanha digital”.
VOTOS ESPARRAMADOS
O PSDB tem atualmente oito vereadores (sete homens e uma mulher) na Câmara Municipal de Campo Grande. Como pela primeira vez será eleição sem coligação na proporcional, os partidos foram obrigados a lançar candidatos (são mais de 800). “Todos têm pretensão de fazer bancadas, então esse voto vai se esparrar muito, vai ser dividido”, analisa Carlos Alberto. “Nós estamos trabalhando para fazer de quatro a seis vereadores. Trabalho árduo e difícil, porque, como te disse, sem a coligação, a concorrência aumentou”.
O coordenador afirma que os candidatos a vereador estão unidos. Alguns vão pagar missão. “São partidários, são pessoas focadas. Conversei com todos eles pessoalmente, e coloquei a verdade para cada um. O partido não vive só de candidato de quatro, cinco mil votos, eu preciso dos de 500, eu preciso dos de 300, eu preciso das mulheres, mas com todas e todos foi olho no olho, falando como seria a campanha. Eu acho isso muito importante”.
MANDATO COLETIVO
Os tucanos lançaram 44 candidatos a vereador, em que 32 atenderam o chamado de Carlos Alberto. Ele procurou formar uma chapa com representantes de diversos segmentos. “Busquei trazer gente nova, pessoas que vão disputar pela primeira vez um cargo eletivo, até para que haja a possibilidade de se mudar um pouco, inovar nos pensamentos e trazer aquelas pessoas que sempre gostaram de fazer política, e não tiveram coragem de entrar nela. Então, procuramos trazer essas pessoas para dentro dela, para verem como é a política partidária; como é uma eleição”.
Dentro desse contexto, o PSDB decidiu inovar e pela primeira vez terá chapa concorrendo a um mandato coletivo. “Conversamos bastante, propus para algumas pessoas”, disse ele. O segmento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) aceitou o convite para participar. “Porque para mim é uma inovação, porque eu vejo que a política tem de ser coletiva. Política tem de ser de grupo. Política não pode ser isolada, ser ‘eu’. O ‘eu’ na política não tem futuro. Tem de ser ‘nós’. Então, eu acho que esses mandatos coletivos vão crescer muito nas próximas eleições. Nas eleições passadas, houve um ensaio. Agora, cresceu”, finaliza Carlos Alberto.