Victor Pinheiro, editado por Fabiana Rolfin
Um grupo formado por artistas, gravadoras e distribuidoras da indústria musical lançou nesta semana uma campanha antipirataria para combater a atividade de plataformas de música não-licenciadas. Batizada de The Music Mission, a iniciativa visa interromper os serviços de quase 200 sites ilegais.
De acordo com o Torrent Freak, essas plataformas representam uma categoria de pirataria pouco mencionada no debate público. Elas operam com estruturas e métodos profissionais e oferecem serviços de assinatura para consumo do conteúdo. Tanto que muitos dos consumidores contratam pacotes sem mesmo saber que as atividades são ilegais.
A combinação de interfaces polidas, recursos avançados de navegação e uma ampla variedade de músicas faz dessas organizações piratas uma concorrência direta para plataformas digitais devidamente licenciadas, como Beatport, Juno e Traxsource. Dessa forma, os modelos de negócio dos sites legais são prejudicados, bem como as marcas que dependem deles.
A The Music Mission propõe mapear e investigar as infraestruturas das plataformas piratas. Os principais objetivos são identificar os provedores de hospedagem desses sites e detectar formas de desativar seus mecanismos de pagamento. A ideia é cortar as fontes de receita dessas organizações impedindo que elas possam registrar novos assinantes.
Negócio milionário
Em entrevista ao Torrent Freak, Ben Rush, fundador da AudioLock, empresa de antipirataria que lidera a iniciativa, explica que a arquitetura dos concorrentes piratas é idealizada para redirecionar o tráfego para outras fontes de conteúdo, com o propósito de evitar suspensões ou queda dos sites. Por isso, a missão para combatê-las não será simples.
Por outro lado, como são na maioria profissionais, existe uma determinação para fazer o que for necessário para interromper suas atividades e redirecionar a receita aos distribuidores de músicas oficiais.
“A consciência sobre o que está ocorrendo e o tamanho dessas plataformas precisa ser difundida. A maioria dos sites não oferece uma opção gratuita. Há, portanto, um segmento de usuários que assinam os serviços dos sites infratores sem ter consciência disto. Isso significa que o dinheiro pago nesses sites poderia ser redirecionado para plataformas legítimas”, afirmou Rush.
A The Music Mission estima que os sites piratas de música por assinatura recebem até 11 milhões de visitantes mensais. Em vias de comparação, plataformas legais como Beatport, Juno Download e Traxsource registram cerca de 9,4 milhões de usuários cada uma.
Segundo Ben Rush, as assinaturas nas plataformas piratas variam de £ 8,50 para £ 41 por mês (R$ 59,70 e R$288 em conversão direta), enquanto distribuidoras legítimas cobram cerca de £ 1 a £ 2 por música e pagam compromissos de direitos autorais.
Ele calcula que se 35 mil visitantes decidirem pagar uma assinatura em sites piratas na média de £15 mil, o valor já é equivalente a £500 mil (R$ 3,5 milhões). “Esse dinheiro reaplicado na indústria já significa uma diferença substancial”, declarou.
Monitoramento
Por questões operacionais, a The Music Mission não revela quais sites já estão na mira da campanha. Como forma de atrair novos apoiadores, a iniciativa oferece a empresas da indústria da música uma ferramenta que pode ser utilizada para detectar quando um produto da companhia está sendo disponibilizado ilegalmente nas plataformas piratas. Segundo Rush, as atualizações do recurso são contínuas permitindo um acompanhamento preciso das infrações.