Por Henrique Coelho, Eudes Júnior e Guilherme Peixoto, G1 Rio e TV Globo
Um adolescente de 14 anos foi baleado e morto durante uma operação conjunta da Polícia Federal, com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, na noite desta segunda-feira (18).
A família do adolescente João Pedro Mattos Pinto estava sem notícias dele até a manhã desta terça-feira (19), quando foi informada da morte. De acordo com relatos de parentes, a polícia invadiu a casa. “Os policiais saíram atirando”, escreveu um primo numa rede social.
Um dos presentes teria gritado que só havia crianças na residência, deitadas no chão e com as mãos para cima. Imagens mostram a parede de um dos cômodos da casa atingida por uma série de disparos.
Segundo informações da Polícia Civil, João Pedro Mattos Pinto foi atingido durante um confronto na comunidade enquanto policiais federais e civis atuavam na região. Ele morava na Praia da Luz, no bairro de Itaoca.
De acordo com os agentes, seguranças dos traficantes tentaram fugir pulando o muro de uma casa. Neilton Pinto, pai de João Pedro, diz que a polícia interrompeu o sonho de seu filho.
“A polícia chegou lá de uma maneira cruel, atirando, jogando granada, sem perguntar quem era. Se eles conhecessem a índole do meu filho, quem era meu filho, não faziam isso. Meu filho é um estudante, um servo de Deus. A vida dele era casa, igreja, escola e jogo no celular”.
O jovem foi levado da casa de helicóptero. Os parentes afirmam que ele foi levado na aeronave sem que qualquer pessoa pudesse acompanhá-lo, tampouco sem saber para aonde.
Rodrigo Mondego, advogado da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, acompanha o caso e está atrás de respostas sobre o caso.
“Algumas perguntas precisam ser respondidas. Por que ficaram tanto tempo com o corpo do garoto? Por que só de madrugada indicaram o IML de Tribobó? Como foi essa retirada do corpo dele? Se o corpo dele foi levado para o heliporto, porque não houve nenhum pronunciamento de parte da Polícia Civil e da Polícia Federal? “, questionou o advogado.
A polícia diz que apreendeu granadas e uma pistola. Em redes sociais, parentes escreveram que as apreensões foram “plantadas” para incriminar as vítimas.
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) instaurou inquérito para apurar a morte do adolescente. Segundo a especializada, foi realizada perícia no local e duas testemunhas prestaram depoimento. Os policiais foram ouvidos e as armas apreendidas para confronto balístico. Outras diligências estão sendo realizadas para esclarecer as circunstâncias do fato.
A ação visava cumprir dois mandados de busca e apreensão contra lideranças de uma facção criminosa. A polícia afirma ainda que traficantes dispararam contra os policiais e arremessaram granadas na direção dos agentes.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, agentes prestaram atendimento mas João Pedro não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado para o IML de São Gonçalo.
O que dizem as polícias
Nota da PM: “Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na segunda-feira (18/5), policiais militares do Batalhão Aeromóvel (GAM) atuaram em apoio aéreo a uma operação realizada pela Polícia Federal com apoio também da Polícia Civil na Comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo. Vale ressaltar que a Polícia Militar não foi solicitada para realizar o socorro de pessoas feridas durante a ação.”
Nota da PF: “A Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro informa que, na data de ontem, 18/05, durante operação da Polícia Federal com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo / RJ um adolescente foi ferido. A ação visava cumprir dois mandados de busca e apreensão contra lideranças de uma facção criminosa da região. Durante a ação, seguranças dos traficantes tentaram fugir pulando o muro de uma casa. Eles dispararam contra os policiais e arremessaram granadas na direção dos agentes. No local foram apreendidas granadas e uma pistola. O jovem ferido na ação foi socorrido de helicóptero. Médicos do Corpo de Bombeiros prestaram atendimento, mas ele não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado para o IML de São Gonçalo. A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) informou que já instaurou inquérito para a apurar as circunstâncias que levaram à morte do adolescente. A Polícia Federal acompanhará e prestará todas as informações e apoio necessário à elucidação dos fatos.”
Nota da Civil: “A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) instaurou inquérito para apurar a morte de um adolescente ferido durante operação da Polícia Federal com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Foi realizada perícia no local e duas testemunhas prestaram depoimento na delegacia. Os policiais foram ouvidos e as armas apreendidas para confronto balístico. Outras diligências estão sendo realizadas para esclarecer as circunstâncias do fato. A ação visava cumprir dois mandados de busca e apreensão contra lideranças de uma facção criminosa. Durante a ação, seguranças dos traficantes tentaram fugir pulando o muro de uma casa. Eles dispararam contra os policiais e arremessaram granadas na direção dos agentes. No local foram apreendidas granadas e uma pistola. O jovem foi ferido e socorrido de helicóptero. Médicos do Corpo de Bombeiros prestaram atendimento, mas ele não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado para o IML de São Gonçalo.”