Por Súzan Benites
A Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou nesta quinta-feira (20) o lançamento de uma nova linha de crédito habitacional com taxa fixa. As contratações poderão ser feitas a partir desta sexta-feira (21) com juros de 8% a 9,75% ao ano, dependendo do tempo de financiamento e do relacionamento do cliente com o banco. A entidade vai liberar R$ 10 bilhões para a linha de crédito. O setor imobiliário de Mato Grosso do Sul comemora a nova linha e acredita que a ação corrobora com o crescimento.
Para o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul (Secovi-MS), Marcos Augusto Netto, a decisão da Caixa é ousada. “Nós não vimos uma decisão desse tipo nos últimos 30 anos. Não podemos deixar de considerar uma iniciativa ousada do presidente da Caixa, que ninguém nunca imaginou. Acredito que vai acirrar a concorrência entre os bancos, porque certamente eles não vão querer perder seus clientes e reduzirão também. Isso mostra a confiança da entidade no crescimento. Neste momento temos uma taxa de juros básicos a 4,25%, ao mesmo tempo a Caixa lança essa linha acreditando no setor, então o mercado vai responder, a expectativa é de crescimento”, considera.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 14ª Região (Creci-MS), Eli Rodrigues, avalia como uma excelente notícia para o mercado imobiliário. “Estamos muito ansiosos de ver o mercado imobiliário reagindo às medidas da Caixa, que vem empenhando um esforço contínuo, melhorando o acesso ao crédito imobiliário, seja por meio da redução de taxas de financiamento ou fomentando a construção de imóveis para venda e locação”, afirma.
Conforme informações das agências de notícias, as condições são válidas para imóveis residenciais novos e usados, com cota de financiamento de até 80% do valor do imóvel. O consumidor poderá escolher entre os sistemas de amortização SAC (com parcelas decrescentes), para contratos de até 360 meses, ou Price (parcelas fixas), para financiamento de até 240 meses.
CLIENTES
As taxas são diferenciadas dependendo do relacionamento do cliente com a instituição financeira. A mínima, de 8% para financiamento de dez anos, será direcionada as pessoas que já são clientes do banco. Na mesma categoria, a taxa sobe para 8,5% no caso de um contrato de 20 anos, e para 9% quando o financiamento atingir 30 anos.
Para aqueles que abrirem uma conta nova, as taxas variam entre funcionários públicos e privados. No contrato com duração de dez anos, o funcionário público pode conseguir uma taxa de 8,25%, e do setor privado, de 8,5%. Para o caso de 20 anos, a taxa fica em 8,75% (público) e 9% (privado). Para 30 anos, 9,25% (público) e 9,5% (privado). Já quem optar por não ter uma conta na Caixa, a linha oferece taxa de 9,75% para contrato de 30 anos.
De acordo com o presidente do Secovi, o cliente será o maior beneficiado com a nova linha de crédito. “Com esse juro prefixado ele vai pagar o mesmo valor de parcela da primeira até a última prestação, ele vai conseguir se programar. Fora que com a diminuição do desemprego e o aumento da confiança do consumidor a tendência é que a locomotiva da construção comece a avançar”, finalizou Marcos Augusto Netto.
O presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), Adão Castilho, concorda que a principal mudança é para quem compra. “Com certeza é uma mudança muito positiva para o setor da construção. Quem compra prefere saber quanto vai pagar e principalmente se as taxas de juros pré-fixados forem atrativas”, considerou.
OUTRAS LINHAS
Em outubro do ano passado a Caixa anunciou a redução dos juros dos financiamentos imobiliários com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). O juro mínimo cobrado no crédito imobiliário com recursos da poupança passou de 8,50% mais Taxa Referencial (TR) para 7,50% mais TR.
Outra linha foi lançada em agosto do ano passado, o banco público disponibilizou o financiamento habitacional corrigido pela inflação oficial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais uma taxa fixa. A linha traz taxa de 4,95% do valor financiado mais correção do IPCA. A porcentagem pode chegar a 2,95% do valor financiado para quem tem as melhores relações com o banco. Os valores são corrigidos mensalmente, prestação a prestação, conforme o IPCA mais recente. Para a linha, assim como a nova modalidade, foram disponibilizados R$ 10 bilhões.
Recursos aplicados
Conforme o balanco da Caixa, foram R$ 90,7 bilhões aplicados no crédito imobiliário em 2019. A entidade retomou a liderança na contratação com recursos da linha SBPE, passando de 4º lugar para o 1º lugar em 2019. O saldo da carteira de crédito habitacional cresceu 4,6% em 12 meses e chegou a R$ 465,1 bilhões em dezembro de 2019. No ano passado, foram contratados R$ 34,8 bilhões no Programa Minha Casa Minha Vida, o equivalente a 318,3 mil unidades habitacionais no País.