POR SABRINA BEZERRA
O apoio ao empreendedorismo feminino é determinante para alavancar a economia global. De acordo com o relatório realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), as mulheres empreendedoras podem aumentar o Produto Mundial Bruto (PMB) e gerar globalmente uma riqueza de US$ 5 trilhões — o equivalente a duas vezes e meia o PIB do Brasil.
A análise diz que se mulheres e homens participarem igualmente como empreendedores, o PMB global poderá aumentar entre 3% e 6% — gerando uma economia de US$ 2,5 trilhões a US$ 5 trilhões. Na América Latina, o crescimento chegaria a US$ 300 bilhões.
No entanto, ainda há escassez e poucas redes de apoio para as empresárias. O estudo mostra que para aumentar esse número, os grupos de: capital de risco, organização sem fins lucrativos e corporações, devem fomentar ações em prol do empreendedorismo feminino.
A lacuna de gênero no empreendedorismo
O BCG analisou os dados de empreendedorismo feminino do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 73 países e 178 regiões, inclusive o Brasil. Os resultados foram:
– Em todas as regiões analisadas, a porcentagem de homens em idade ativa que abrem um negócio é superior a das mulheres em cerca de 4% a 6%;
– Vietnã, México, Indonésia e Filipinas são a exceção: mais mulheres do que homens lançaram startups em 2016;
– A lacuna entre gêneros no empreendedorismo está diminuindo em 50% dos países analisados, com destaque para Turquia, Coreia do Sul e Eslováquia;
– No entanto, em 40% dos países — principalmente Suíça, Uruguai e África do Sul —, a diferença de gênero está aumentando.
A longevidade das empresas
A duração de vida das empresas também varia de acordo com o gênero do fundador. Por exemplo, na América Latina, os negócios fundados por mulheres têm uma chance 11% menor de sobrevivem por 3,5 anos, quando comparados aos fundados por homens. No Oriente Médio e no norte da África, esse número é de 50%: metade das empresas abertas por mulheres sobrevivem menos do que as fundadas por homens. A América do Norte é a única região onde o empreendedorismo feminino é mais resiliente que o masculino.
O poder das redes
De acordo com a análise do BCG de 2018 da MassChallenge, rede global de aceleradores sediada nos EUA, os investimentos feitos para empresas fundadas ou co-fundadas por mulheres atingiram uma média de US$ 935 mil — menos da metade do que é investido em empresas fundadas por homens.
Contudo, o aporte não é o único problema. As mulheres empresárias têm um déficit de crescimento. A pesquisa mostra que, embora haja razões — como diferenças do capital humano, social e recursos financeiros contínuos —, um fator chave é o acesso limitado a redes de apoio.
Para mudar esse cenário, o relatório indica auxílio para as empresárias. E cita como exemplo: os grupos empresariais que fomentam o empreendedorismo feminino oferecendo aulas e cursos sobre planejamento e inovação.